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Bom Senso apoia Flamengo e Fluminense em briga contra federação

Celso Pupo/Fotoarena/Folhapress
Wallace, do Flamengo, e Fred, do Fluminense, protestam contra a Ferj antes de clássico
Wallace, do Flamengo, e Fred, do Fluminense, protestam contra a Ferj antes de clássico

O Bom Senso F.C., movimento que reúne mais de mil jogadores de futebol, divulgou nesta quinta-feira (9) apoio a Flamengo e Fluminense na briga contra a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro).

"Diante dos episódios recentes do Campeonato Carioca que dominaram os debates do mundo do futebol, o Bom Senso F.C. manifesta sua solidariedade ao Clube de Regatas Flamengo e ao Fluminense Football Club. As arbitrariedades cometidas não são condizentes com o papel que as Federações deveriam cumprir", disse o Bom Senso, que citou ainda Eurico Miranda, presidente do Vasco, e Rubens Lopes, presidente da Ferj.

Na última sexta-feira (3), o técnico do Flamengo cobriu a boca com um esparadrapo e se recusou a responder a perguntas dos jornalistas. Ele fez um pronunciamento em que destacou que sua liberdade de expressão foi infringida, já que não pôde trabalhar do banco de reservas no clássico contra o Fluminense, no domingo (5).

O treinador havia sido punido com dois jogos de suspensão por ter criticado a Ferj. Ele se incomodou com a proibição de se levar mais de cinco jogadores das categorias de base para jogos do Estadual do Rio.

Depois desses episódios, tanto Flamengo como Fluminense protestaram contra a instituição ao tamparem a boca com a mão como gesto de apoio ao ato feito por Luxemburgo.

No jogo entre as duas equipes, o atacante Fred, do Fluminense, foi expulso aos 28 min do primeiro tempo. Na saída de campo criticou a Ferj. "O Carioca tem que acabar. Acaba Carioca! Vamos jogar Rio-SP, Sul-Rio de Janeiro. Enquanto tiver assim, acaba o futebol do Rio de Janeiro", disse o jogador.

"Não concordamos com o modelo atual dos estaduais, com 19 datas. Esse período representa 25% do ano e gera apenas entre 6 e 15% da arrecadação dos grandes times", afirmou o Bom Senso.

"Reivindicamos e propusemos uma fórmula de calendário que ofereça estabilidade de emprego a todos os profissionais do futebol e previsibilidade das datas dos jogos durante o ano todo, para que se permita aos clubes do interior conquistarem sua autossuficiência", afirmou.

VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA

Diante dos episódios recentes do Campeonato Carioca que dominaram os debates do mundo do futebol, o Bom Senso F.C. manifesta sua solidariedade ao Clube de Regatas Flamengo e ao Fluminense Football Club. As arbitrariedades cometidas não são condizentes com o papel que as Federações deveriam cumprir.

Ao contrário do que alguns divulgam, o Bom Senso não é contrário a existência das Federações. Acreditamos que as Federações estaduais têm, teoricamente, um papel fundamental para o desenvolvimento do futebol brasileiro em suas dimensões educacionais e sociais. Para nós, elas deveriam ser a ramificação pela qual a CBF disseminaria e aperfeiçoaria sua metodologia, ainda inexistente, para o fomento e a democratização do esporte, para o desenvolvimento e capacitação dos profissionais da área técnica e de gestão de todo o futebol brasileiro.

Isso não quer dizer que sua participação na organização das competições de atletas profissionais seja preponderante. Está claro que não é por meio dessas competições que essas entidades cumprem sua função primordial, a social. Não concordamos com o modelo atual dos estaduais, com 19 datas. Esse período representa 25% do ano e gera apenas entre 6 e 15% da arrecadação dos grandes times.

Atualmente o Sr. Eurico Miranda e o Sr. Rubem Lopes, críticos circunstanciais, dizem que o fim dos estaduais representa o desemprego de 3 mil famílias. O Bom Senso afirma há 2 anos que a manutenção desse modelo de calendário resulta, ao final dos estaduais, o desemprego de 15 mil famílias por todo o Brasil. O que eles têm a dizer sobre isso?

Também não concordamos que as Federações tenham tanto poder, com a maioria dos votos no Colégio Eleitoral da CBF. Lutamos por mais democracia na eleição da Presidência da CBF - pedra filosofal para a oxigenação do futebol brasileiro e mola propulsora para que as decisões sejam mais técnicas e menos políticas. Defendemos que as entidades de administração desportiva, regionais ou nacionais, sejam mais democráticas e transparentes, com massiva participação dos clubes e dos atletas nos colegiados e conselhos técnicos.

Reivindicamos e propusemos uma fórmula de calendário que ofereça estabilidade de emprego a todos os profissionais do futebol e previsibilidade das datas dos jogos durante o ano todo, para que se permita aos clubes do interior conquistarem sua autossuficiência.

A média de público dos estaduais brasileiros é mais baixa que a de países como Vietnã, Uzbequistão e Israel. Os clubes e as novas arenas acumulam déficits, ao passo que a arrecadação das federações aumentou 25% de 2012 para 2013. Vemos ainda que 1/3 dos seus presidentes estão há mais de 20 anos no poder.

O objetivo de todas as entidades de administração do futebol brasileiro - além das dimensões sociais e educacionais - deve ser melhorar a visibilidade e competitividade do futebol que administram. Infelizmente, em todas esses aspectos as Federações estaduais fracassaram.

Bom Senso FC
por um futebol melhor para todos.


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