Folha de S. Paulo


Elias diz que foi chamado duas vezes de 'macaco' e vê ato 'repugnante'

Nesta quinta-feira (2), o volante Elias, do Corinthians, relatou as ofensas que ouviu do zagueiro Cristian González, do Danubio, durante a vitória corintiana por 4 a 0, na quarta (1º), em Itaquera.

Elias disse que foi chamado de "macaco" duas vezes pelo jogador uruguaio, após o primeiro gol corintiano, na partida válida pela Copa Libertadores.

"Antes da cobrança da falta, fui chamado de macaco pelo González. Após o gol, durante a comemoração, ele repetiu o insulto, desta vez com gestos imitando um macaco", disse o jogador via assessoria de imprensa.

"É lamentável que episódios como este ainda aconteçam. E me revolta ainda mais por ter acontecido dentro do meu país, dentro da minha casa. Ele é muito novo ainda e espero que, com o tempo, mais maduro, perceba que o racismo é repugnante. Hoje, com a cabeça mais fria, não consigo sentir raiva, só pena", acrescentou.

O insulto proferido por González revoltou todos os jogadores do Corinthians, que ficaram exaltados em campo. Apesar da explosão, Elias pediu ao clube para não registrar boletim de ocorrência sobre o incidente.

Entretanto, o atleta solicitou ao árbitro para que as declarações fossem registradas na súmula da partida.

APOIO DOS COLEGAS

Os jogadores do Corinthians apoiaram Elias e criticaram o comportamento do zagueiro González.

"Não tem nem o que dizer. De novo isso?", indagou Emerson. "Ele chamou o Elias de macaco", afirmou.

"O Tite falou com a gente no intervalo, para deixarmos xingar e jogar bola", revelou Renato Augusto.

"Racismo é triste. Acabei de falar com ele, novamente a gente vive um negócio desses. É triste que ainda aconteça algo assim. Somos todos iguais, branco, preto, azul, amarelo", disse o atacante Paolo Guerrero.

"A gente vai deixar isso passar, temos de ficar focados. Demos força a Elias, uma motivação extra para ele não ficar chateado", revelou Guerrero.

O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, também demonstrou apoio a Elias e chamou de coitado o jogador uruguaio.

"Para mim, ele é um coitado. Um cara que chama um ser humano de macaco só pode ser um coitado, pobre de espírito", disse.

O dirigente afirmou que o Corinthians, ao menos por enquanto, não pretende tomar nenhuma atitude em relação ao fato.

"Não vai ter nada, achamos melhor deixar no campo o que foi no campo", disse Roberto de Andrade. "Não temos espírito de revanche, não vamos manter o espírito armado", afirmou.


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