Folha de S. Paulo


Boa fase no Argentino e até fé de Papa dão esperanças ao rival do São Paulo

No bairro de classe média de Boedo, em Buenos Aires, uma fila se formava na porta da antiga sede do San Lorenzo na tarde desta terça (31). Eram torcedores que, apesar da greve dos transportes que parou a Argentina por 24 horas, tentavam garantir ingressos para o primeiro jogo em casa aberto ao público dos "cuervos" pela Libertadores da América.

O último, contra o Corinthians, foi realizado a portas fechadas por punição da Conmebol. As duas outras partidas, contra o uruguaio Danúbio e contra o São Paulo, foram nos estádios dos rivais.

Entre o céu e o inferno, o time do Papa Francisco, o San Lorenzo, vive dois momentos opostos na temporada deste ano. Líder do campeonato argentino, com uma campanha de seis vitórias nos últimos sete jogos, o azul-grená de Boedo enfrenta o São Paulo nesta quarta (1º) precisando vencer.

A pressão não contaminou o bom humor do torcedor do San Lorenzo, que segue confiante na classificação do clube na Libertadores.

O vendedor de seguros Mariano Crespo narrava à Folha, com a ajuda do filho Santiago, 8, as últimas vitórias do time. "A derrota para o Corinthians foi um azar", pontou ele, sem colocar a culpa na equipe.

A superação do arquirrival Huracán por 3 a 1 há duas semanas e o placar de 4 a 0 sobre o Lanús, no último domingo, ambos pelo campeonato argentino, estão frescos na memória do torcedor.

Pablo Gelbardt, 62, levará três dos cinco filhos à partida. Ele diz estar tranquilo, apesar da necessária vitória, e acredita que o rival brasileiro entrará em campo na defensiva.

"O time do São Paulo não está funcionando. É uma equipe cara, com bons jogadores, mas não sei por que preferem deixá-los no banco", afirmou.

Sorridente, ele prefere acreditar na interferência sagrada do Papa Francisco em benefício do clube de Boedo.

Apontando para um hipermercado que foi construído no terreno onde existia o antigo estádio de futebol do clube, Gelbardt acredita que o próximo milagre de Francisco será turbinar a fama, e consequentemente, o patrocínio do San Lorenzo.

Os sócios estão em plena campanha para recolher fundos, comprar de volta a propriedade e reconstruir o Estádio do Gasômetro, demolido durante a pior fase do clube centenário nos anos 80. Até janeiro, foram recolhidos 30 milhões de pesos (cerca de R$ 8 milhões).

"O San Lorenzo pertence a esse bairro, os torcedores estão aqui. Não faz sentido o estádio ficar em outro lugar", disse Gelbardt.

Até lá, talvez Francisco fique mais ocupado em torcer pela classificação do time.


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