Folha de S. Paulo


Jogos com prejuízo no Paulista aumentam 145% em oito anos

Rubens Cavallari-22.fev.2015/Folhapress
Com pouco público no Pacaembu, goleiro Vanderlei, do Santos, faz defesa em jogo contra a Portuguesa
Com pouco público no Pacaembu, goleiro Vanderlei, do Santos, faz defesa em jogo contra a Portuguesa

Em oito anos, o número de jogos do Paulista que deram prejuízo cresceu 145%.

Até a 12ª rodada desta edição do Estadual, que termina na terça-feira (31) com Portuguesa x São Bernardo, 49 partidas não arrecadaram com venda de ingressos o suficiente para arcar com os custos operacionais de realização.

Em 2007, quando o Paulista deixou de ser disputado em pontos corridos e voltou a ter fase final, só 20 das 120 primeiras partidas da competição registraram deficit.

Editoria de arte/Folhapress

Desde então, a quantidade de jogos com renda líquida negativa tem crescido quase que anualmente até alcançar o patamar atual de 41,2%.

O fenômeno não é só dos times pequenos. Dos 20 participantes, 15, inclusive São Paulo e Santos, já tiveram partidas como mandante que fecharam no vermelho.

Além de Corinthians e Palmeiras, donos dos maiores públicos da competição, só Capivariano, São Bernardo e Penapolense escapam.

O primeiro é estreante na elite, o que gera curiosidade nos habitantes da cidade. Os outros dois já atraíam bons públicos em anos anteriores.

"Temos mais opções de entretenimento do que antes. Também não há ninguém pensando em fortalecer o campeonato. Os grandes só pensam em seus próprios interesses. A gente teve um aumento de custo sem aumentar a qualidade do produto. Isso leva ao desinteresse", analisou o gestor de marketing Rafael Plastina.

Segundo ele, a tendência é que Palmeiras e Corinthians também passem a sentir esse efeito quando o impacto dos seus novos estádios sobre os torcedores começar a cair.

Graças aos dois clubes, o Paulista-2015 tem média de público até a 12ª rodada maior que em 2007: cerca de 7.100 pagantes, contra 5.600.

Mas a explosão dos deficits demonstra que, para a maior parte dos clubes, esse crescimento não é uma realidade.

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O Red Bull Brasil, por exemplo, teve prejuízo em todos os jogos que fez em casa. Já a Portuguesa só escapou do prejuízo contra o Santos.

Sem o Canindé, interditado, a Lusa recebeu as três partidas mais deficitárias da competição porque, além das despesas usuais (ambulância, antidoping, policiamento e custo de confecção dos ingressos, entre outros), paga pelo aluguel dos estádios -gastou R$ 10.400 pelo uso da Arena Barueri em sua última partida em casa.

"Está cada dia mais difícil fazer futebol no interior. Achávamos que a Copa do Mundo ajudaria, mas não. Todo jogo dá deficit. É por isso que tantos clubes estão fechando as portas", afirmou o gerente de futebol do Mogi Mirim, Alexandre Costa.

Assim, os clubes vivem de patrocínios e da renda da TV. Pelos direitos de transmissão do Paulista, cada um dos quatro grandes levou cerca de R$ 13 milhões. Os outros receberam R$ 2,7 milhões cada.

De acordo com a federação paulista, o Estadual tem "médias de público, renda e ticket médio expressivamente superiores aos anos anteriores". O órgão "entende que quaisquer outras análises parecem prematuras antes do término da competição."

colaborou BERNARDO ITRI, do Painel FC


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