Folha de S. Paulo


Judô brasileiro traça estratégia de isolamento e foge do Rio durante Jogos

O judô brasileiro vai adotar uma estratégia de isolamento antes e durante os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Para evitar oba-oba, seleção e comissão técnica ficarão confinados em hotel em Mangaratiba (a 105 km do Rio).

Toda preparação será feita na cidade. Cada judoca será deslocado para a Vila dos Atletas apenas dois dias antes de competir. O Brasil terá 14 representantes no megaevento, sete em cada sexo.

A maior parte da delegação brasileira fará os ajustes finais para o evento na Fortaleza de São João, na Urca.

O motivo para a clausura do judô é não deixar fatores externos atrapalharem no foco. Esporte que mais medalhas olímpicas deu ao país (19), ele é visto pelo Comitê Olímpico do Brasil como carro-chefe para a Rio-2016.

A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) já reservou as instalações do hotel e pagará por uma ampla mudança.

Serão instaladas três áreas de treinamento, duas salas de musculação, outras duas de massoterapia, uma de fisioterapia e outra voltada para análise de vídeos.

No total, serão 57 pessoas da equipe nacional hospedadas no local. O número é alto porque cada um dos 14 judocas olímpicos terá um sparring para ajudar nos treinos.

Para testar a logística, um "evento-teste" ocorrerá no local em julho próximo, antes dos Jogos Pan-Americanos de Toronto (a CBJ deve enviar força máxima ao Canadá).

A operação em Mangaratiba será semelhante à empregada para os Jogos de Londres. Antes e durante a competição, a seleção evitou a Vila Olímpica e ficou baseada em Sheffield, a 228 km de lá.

Na avaliação da confederação, o investimento compensou. O Brasil obteve quatro medalhas, das quais uma de ouro e três de bronze.

A adoção de um esquema espartano de concentração, porém, divide judocas.

Rafaela Silva, campeã mundial do peso leve (até 57 kg) em 2013, vê a medida como positiva.

"Na Vila Olímpica a gente tem distração, McDonald's aberto 24 horas. Além disso, tem que dividir o tatame com outras equipes. Com uma base nossa, ficamos mais à vontade", disse.

Érika Miranda, prata no Mundial de 2013 e bronze no de 2014 no meio-leve (até 52 kg), levanta ressalvas.

"O lado bom é que o Rio estará fervendo. Mas não sei se é tão legal ficar sem ver a família e sair. Eu sei que o intuito é fazer a melhor preparação, só que nada que é radical ajuda", afirmou.

Para amenizar a rotina e distrair os atletas, a CBJ promete montar uma área de 210 m² com videogame, jogos e lounge em Mangaratiba.


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