Folha de S. Paulo


Promotor vê irregularidade em acerto de empresa de Neymar com Barcelona

O Ministério Público da Espanha apontou, em relatório, suspeitas de que o Barcelona e representantes de Neymar realizaram operações financeiras para esconder o real valor da transferência do atacante brasileira para o clube espanhol, em 2013.

De acordo com um documento judicial desta segunda-feira (23), a transação começou no dia 15 de novembro de 2011, em uma reunião realizada em São Paulo. O Barcelona teria negociado com a N&N Consultoria –de propriedade da família de Neymar–, mas a empresa não existia formalmente naquela data.

A criação da N&N só aconteceu três dias depois.

"A sociedade 'N&N Consultoria esportiva e Empresarial LTDA', foi constituída formalmente em 18 de novembro de 2011, três dias depois de firmar o primeiro contrato, e seus proprietários e administradores eram os pais do jogador. O contrato e o pagamento se realizaram com a intenção de ocultar operações e eludir o pagamento de impostos correspondentes. Ao não ser residente espanhol [Neymar e seus familiares], deveria ser retido e repassado o valor correspondente à Fazenda da Espanha pelo Barcelona", diz o relatório.

A segunda parte da negociação aconteceu em 6 de dezembro, apenas dois dias antes do clube catalão golear o Santos por 4 a 0 na decisão do Mundial de Clubes. Nesse dia, segunda informa o MP espanhol, o clube catalão depositou € 10 milhões (cerca de R$ 34 milhões) em uma conta bancária da N&N a título de "empréstimo".

"O contrato se qualificou como 'empréstimo', mas não existia tal natureza", destaca o MP da Espanha.

"A quantidade de 10 milhões foi entregue sem nenhuma garantia de nenhum tipo, mas para amortizar quando for formalizado o contrato definitivo com o jogador. Na realidade, o pagamento para a N&N foi uma remuneração antecipada para que o jogador firmasse acordo com o Barcelona", afirma o documento assinado pelo promotor José Perals.

O acerto com Neymar foi realizado por Sandro Rosell, então presidente do time espanhol. Desde então, o dirigente deixou o cargo após ser acusado de irregularidades. Entretanto, o substituto Josep Maria Bartomeu também tinha conhecimento das irregularidades.

PROMOTORIA

A promotoria anticorrupção da Espanha pediu dois anos de prisão para o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, e sete anos para seu antecessor, Sandro Rosell, por supostos crimes fiscais na contratação do atacante brasileiro Neymar, informaram nesta segunda-feira fontes judiciais.

Os promotores, que também pediram uma multa de 22,2 milhões de euros para o clube, atribuem um delito fiscal a Bartomeu, assim como dois delitos fiscais e um societário a Rosell e três delitos fiscais ao Barcelona. O Ministério Público do país não indiciou Neymar, nem seus representantes por qualquer crime contra as leis espanholas.

OUTRO LADO

Nesta terça (24), o pai do jogador, Neymar da Silva Santos, emitiu um comunidade em que destaca que não há qualquer processo judicial contra ele ou qualquer pessoa vinculada à Neymar.

"Quero manifestar a importância que tem para mim, que nenhum membro das minhas empresas e do meu entorno foi indiciado em nenhum processo judicial, contrariando o que alguns meio de comunicação têm noticiado durante os últimos dias no Brasil, evidenciando uma ausência total de informação e contrariando a verdade", afirmou.

"O chamado "Caso Neymar", instaurado na Espanha para investigar a contratação do Neymar Jr pelo FC Barcelona, em nenhum momento nos afetou juridicamente. Estou convencido de que as pessoas envolvidas neste processo desenvolveram seus esforços sempre respeitando as leis do Brasil e da Espanha, sempre em concordância com o estatuto da FIFA", disse Santos.

"Temos a certeza de que todas as ações realizadas para que o Neymar Jr. pudesse jogar no FC Barcelona foram absolutamente legais, supervisionadas pelos melhores advogados e que jamais burlamos alguma legislação", concluiu.


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