Folha de S. Paulo


Maioria dos técnicos dos times da Série A é contra volta do mata-mata

A maioria dos treinadores dos 20 times que integram a Série A do Brasileiro em 2015 é contra mudança no regulamento da competição que faça retornar o mata-mata, fórmula em que os times se enfrentam em jogos eliminatórios para definir o campeão.

A opinião contraria o desejo da maior parte de seus empregadores.

Levantamento feito pela Folha na semana passada mostrou que 11 presidentes de clubes são favoráveis ao fim dos pontos corridos, sistema em que todos os times se enfrentam, em dois turnos, e o que soma mais pontos levanta o troféu, fórmula que se mantém na primeira divisão desde 2003.

O tema está em análise por uma comissão formada no início deste mês e composta por presidentes de oito clubes criada pela CBF.

Quatorze treinadores, entre eles Vanderlei Luxemburgo, do Flamengo, e Oswaldo de Oliveira, do Palmeiras, defendem a manutenção dos pontos corridos.

Somente um, Argel Fucks, do Figueirense, disse que é a favor do mata-mata.

Robson Ventura - 30.nov.2014/Folhapress
Argel Fucks durante jogo entre São Paulo x Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro-2014
Argel Fucks durante jogo entre São Paulo x Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro-2014

Dois treinadores disseram que são indiferentes, e outros dois preferiram não opinar. O único a não responder até o fechamento desta edição foi o corintiano Tite.

Sete treinadores que apoiam os pontos corridos têm opinião diferente daquela defendida por seus clubes. "É posição pessoal de cada um deles [treinadores]. O debate está aberto para todos", disse Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio.

Foi dele a proposta mais viável de volta do mata-mata, com quatro times se classificando após 38 rodadas.

Felipão, técnico do Grêmio, clube presidido por Bolzan Jr., disse que não daria sua opinião sobre o assunto.

"A gente fala em planejamento e organização. Os pontos corridos são exatamente isso", disse Marcelo Oliveira, técnico do Cruzeiro.

O time é o atual bicampeão brasileiro. Em 2013, venceu a competição a quatro rodadas do fim, e em 2014 a duas.

Um dos argumentos dos presidentes para a volta do mata-mata é justamente que os pontos corridos criam campeões precoces e tira o interesse da competição.

"O que o Cruzeiro fez é exceção. A regra é um campeonato com emoção até o fim", responde Oliveira.

Os treinadores enfatizam que os pontos corridos são o modelo mais justo ao premiar o melhor planejamento.

"No mundo todo é assim [os campeonatos nacionais]. Imagina, você faz um grande ano, fica em primeiro o tempo todo, pega o oitavo [classificado] e em uma má tarde perde o jogo e o ano todo?", disse Diego Aguirre, uruguaio que comanda o Inter.

Editoria de arte/Folhapress

EMOÇÃO

Muricy Ramalho, técnico do São Paulo tricampeão nacional (2006, 2007 e 2008) com o time paulista no sistema de pontos corridos, prefere o sistema atual, mas admite que o mata-mata pode proporcionar mais emoção.

Os presidentes pró-mata-mata avaliam que haveria mais público nos estádios e a audiência das TVs subiria.

Único técnico a cravar a preferência pelo mata-mata, Argel (Figueirense) acha que o formato é capaz de dar mais visibilidades aos talentos.

"Em jogo com emoção, você vê os grandes craques e os grandes treinadores", avalia.

Colaboraram DIEGO IWATA LIMA e RAFAEL VALENTE, de São Paulo


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