Folha de S. Paulo


Com separatistas, Copa do Rei revive final de vaia a hino espanhol

Víctor Lerena/Efe
Torcida do Barcelona com a bandeira da Catalunha no estádio
Torcida do Barcelona com a bandeira da Catalunha no estádio

Pela segunda vez nas últimas quatro edições, a final da Copa do Rei irá reunir os maiores símbolos esportivos das duas regiões da Espanha que mais contestam a soberania do rei Filipe 6º.

O Barcelona, representante da Catalunha e parte da publicidade das campanhas pela independência da região, e o Athletic Bilbao, que não aceita jogadores sem ligação com o País Basco, obtiveram na quarta-feira (4) classificação para a decisão e irão disputar o título no dia 30 de maio.

Na última vez em que as duas equipes decidiram a Copa do Rei, em 2012, a taça foi para os catalães. Mas o jogo não ficou marcado pelo resultado em campo, mas sim pelo simbolismo político e o comportamento dos torcedores.

Seguidores de Barcelona e Athletic Bilbao vaiaram a execução do hino nacional espanhol e o nome do rei Juan Carlos (pai de Filipe 4º) quando o sistema de som o anunciou. Além disso, houve gritos de "independência" vindo das arquibancadas catalães.

Cenas semelhantes já haviam sido registradas em outra decisão da Copa do Rei entre os dois clubes, em 2009, quando apitos foram utilizados para abafar o hino -a cena não foi transmitida pela TV.

A ligação dos finalistas da Copa do Rei com suas regiões, que sonham em conseguir a independência do território espanhol, é intensa.

O Barcelona tem como idioma oficial o catalão, não o espanhol. Também é comum entre seus torcedores pedidos para que a região se separe da Espanha, seja em mosaicos, bandeiras ou em cantos por independência.

A rivalidade com o Real Madrid também vai além do viés esportivo e tem conotação polícia. Representa a luta contra o poder central da capital, exercido pelo rei.

O Athletic Bilbao não é muito diferente. Vindo do País Basco, mesma região do grupo separatista ETA, o clube mantém até hoje a restrição de não utilizar jogadores "estrangeiros".

Estrangeiros, nesse caso, não significa atletas nascidos fora da Espanha, mas sim aqueles que não possuem vínculo com a região basca. Um espanhol nascido em Madri ou Barcelona não pode jogar pelo Athletic, mas um venezuelano com pais bascos, sim.


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