Folha de S. Paulo


Nadador brasileiro é suspenso por doping; país não perde medalhas

Em julgamento realizado nesta sexta-feira (27) pelo painel antidoping da Federação Internacional de Natação (Fina), em Lausanne, na Suiça, foi decidida a suspensão de seis meses do nadador brasileiro João Gomes Júnior.

O atleta foi pego em exame antidoping no Mundial de piscina curta de Doha, no Qatar, em dezembro de 2014.

Gomes, 29, foi flagrado no teste com hidroclorotiazida, uma substância diurética que tem a capacidade de mascarar o possível uso de outras substâncias.

A Fina não cancelou as medalhas conquistadas pela equipe brasileira no Mundial e o país seguirá no topo da classificação, com sete ouros, uma prata e dois bronzes. Gomes havia participado das eliminatórias em três revezamentos no qual o Brasil obteve a medalha de ouro na decisão: 4x50 m medley, 4x100m medley e 4x50m medley misto. A decisão pela manutenção das medalhas será explicada futuramente pela Fina.

A suspensão do atleta brasileiro é retroativa, começando no dia 4 de dezembro, quando o exame foi realizado. Ele poderá voltar a competir a partir do dia 3 de junho.

A Federação decidiu também que todos os resultados obtidos pelo atleta após o dia 4 de dezembro serão anulados e, dessa forma, quaisquer medalhas ou prêmios que ele tenha recebido por competições nesse período terão de ser devolvidos.

O atleta e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) têm até 21 dias para recorrer da decisão.

"É uma grande vitória. Nossa meta era que o João pegasse até um ano de suspensão. A decisão o condenou em seis meses contados a partir de dezembro o que equivale na prática a apenas três meses", explica o advogado especialista em direito desportivo Marcelo Franklin, contratado pela CBDA para defender Gomes neste caso.

O fato de a Fina confirmar que os resultados alcançados pelos revezamentos em Doha foram mantidos, foi comemorado pelos brasileiros. "Isso era praticamente impossível, foi uma grande vitória", afirmou o advogado.

"A Fina conseguiu enxergar a situação toda. Respeitou os brasileiros. Com a manutenção, ratificou os resultados. É como se fossem duas vitórias do Brasil, uma em Doha e outra no julgamento. Temos o direito de ficar felizes. A CBDA sai fortalecida como instituição, foi preservada, graças a sua postura e ao sigilo que manteve no caso[a substância, por exemplo, não havia sido divulgada até hoje]", afirmou o superintendente da CBDA, Ricardo de Moura.

HISTÓRICO

A decisão de não tirar as medalhas de outros atletas após um caso de doping em revezamentos não é inédita.

O velocista norte-americano Tim Montgomery admitiu o uso de substância proibidas nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, no qual correu as eliminatórias do revezamento 4 x 100 m, no atletismo, e os EUA foram campeões posteriormente.

Mesmo após pedido dos brasileiros (prata na prova), os EUA não perderam a medalha de ouro na época. Montgomery, que não correu a final, perdeu a medalha.

Colaboraram MARCEL MERGUIZO e PAULO ROBERTO CONDE, de São Paulo


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