Folha de S. Paulo


Um ano depois, troca Jadson por Pato vira bom negócio para rivais

Rahel Patrasso/Xinhua
Jadson, do Corinthians, e Pato, do São Paulo
Jadson, do Corinthians, e Pato, do São Paulo

Há um ano, Corinthians e São Paulo acertaram a troca do atacante Pato pelo meia Jadson, em um negócio um pouco incomum e que levantou o debate de qual equipe tinha se dado melhor. A discussão esfriou ao final da temporada 2014 com os dois em baixa, mas voltou agora em um momento que ambos tem atuações empolgantes.

Em 2014, o atacante Pato, 25, estava na reserva no Corinthians e foi cedido por dois anos de empréstimo ao São Paulo em troca da contratação do meia Jadson, 31, de forma definitiva.

Ambos começaram a temporada 2015 como reservas, mas conquistaram a vaga como titulares e o hoje ostentam o status de peças chaves em suas equipes.

MELHORES EM SUAS FUNÇÕES

O meia Jadson fez seis jogos (quatro como titular) e um gol, mas o recurso em que mais ajuda o Corinthians é na armação das jogadas. Segundo o Datafolha, ele cria 2,6 chances em média por jogo.

Se finalização não é o forte de Jadson -média de 1,8 por jogo–, os passes são. Ele é o segundo jogador do time que mais acerta passes 34,0, em média, por jogo. Só o lateral esquerdo Fábio Santos tem números melhores, com 36,2 passes certos em média por partida.

Jadson tem mostrado aplicação no esquema tático adotado pelo técnico Tite. O jogador fecha o lado direito do campo e ajuda o lateral direito Fágner na marcação. Quando o time ataque, geralmente ele é uma das armas de velocidade para superar a defesa adversária.

"Jadson é um jogador que tem muita qualidade pelo lado direito. Tem um passe muito bom e agora a gente precisa que ele seja mais constante", diz Tite.

Já o atacante Pato é o destaque do São Paulo no número de gols. Foram oito gols em nove partidas (cinco como titular) neste ano. Ninguém finaliza tanto como ele. Em média, ele chuta 2,8 vezes a gol por partida.

Também é dele a arma mais desejada pelo técnico Muricy Ramalho: o drible. Em média, Pato drible 2,4 vezes por partida. Só o lateral direito Bruno tem números maiores: 3,7.

A contribuição de Pato com o São Paulo não se resume aos gols. Ele também tornou-se peça chave para o esquema tático tricolor. Dá velocidade ao ataque e abre espaços na defesa.

"Pato é diferente, um bom jogador. Eu cobro demais dele. Cobra que ele tenha participação mais ativa todo o jogo e não de vez em quando. E cobro gols", afirma Muricy Ramalho.

CORINTHIANS GASTA MAIS

Uma diferença na negociação é que o Corinthians tem um gasto superior ao do São Paulo.

O time alvinegro gasta mensalmente R$ 400 mil mensais para pagar parte do salário de Pato, que está emprestado ao São Paulo até o final deste ano, além de mais R$ 300 mil mensais por Jadson.

O São Paulo arca com R$ 400 mil mensais por Pato, uma vez que Jadson foi vendido ao Corinthians.

A diferença é que o Corinthians pode escalar Jadson contra o São Paulo, enquanto o rival tricolor tem de pagar uma multa de R$ 1 milhão para usar Pato contra a equipe alvinegra.

DIFERENÇA PEQUENA DE JOGOS

Uma semelhança entre os jogadores é que Pato e Jadson têm quase o mesmo número de jogos pelos seus clubes.

Ano passado, cada um disputou 44 partidas na temporada –Pato foi prejudicado porque no primeiro semestre não pôde disputar o Campeonato Paulista porque já havia feitos jogos pelo Corinthians.

Neste ano, Pato foi titular em cinco dos nove jogos que fez, enquanto Jadson foi titular em quatro das seis partidas que disputou.

Uma diferença é que Pato teve mais sequência no São Paulo, enquanto Jadson costuma oscilar. Alguns jogos é poupado, outros começa como reserva e outros como titular.

GANGORRA

Uma lembrança que os torcedores de Corinthians e São Paulo têm é do 2014 inconstante dos jogadores. Curiosamente, quando um estava em alta o outro estava em baixa.

O começo de Jadson no Corinthians foi empolgante. Estreou já como titular e contra o Palmeiras, em jogo que quase fez um gol no empate por 1 a 1. Teve uma sequência como titular, com assistências e passes decisivos. Chegou até ouvir brincadeiras como "Magic Jadson".

O começou empolgante, contudo, não se repetiu ao longo da temporada. No segundo semestre a queda de rendimento foi visível e Jadson acabou na reserva, algumas vezes fora até do banco.

Foram oito gols em 44 jogos oficiais.

Já Pato viveu situação oposta. Como já tinha defendido o Corinthians em alguns jogos do Campeonato Paulista-2014, só pode estrear pelo São Paulo na Copa do Brasil.

No segundo semestre, formou ao lado de Alan Kardec, Paulo Henrique Ganso e Kaká o "quarteto mágico" do São Paulo. Chegou a ser cogitado para a seleção brasileira do técnico Dunga.

Os planos mudaram quando o atacante sofreu uma contusão na coxa esquerda. Perdeu a vaga para Luis Fabiano e terminou a temporada entre os reservas do São Paulo.

Foram 12 gols em 44 jogos oficiais.

Robson Ventura/Adriano Vizoni/Folhapress
O atacante Pato no Corinthians e o meia Jadson no São Paulo
O atacante Pato no Corinthians e o meia Jadson no São Paulo antes da troca em 2014

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