Folha de S. Paulo


Família, papo com Tite e comodidade levam Jadson a ficar no Corinthians

É raro no futebol, mas o dinheiro não falou mais alto. Jadson havia acertado a transferência para a China. Receberia cerca de R$ 700 mil mensais no Jiangsu Sainty. Seus empresários ficariam com R$ 11,5 milhões da transação. O Corinthians embolsaria R$ 4,8 milhões da venda.

Todos sairiam ganhando. Menos a família do jogador. Na tarde desta terça (24), ele avisou a diretoria corintiana que não aceitaria mais a proposta da China.

Jadson passou os últimos dias angustiado. Ao mesmo tempo que havia aceitado a transferência, não tinha certeza que era o melhor para a sua vida. "É fácil falar sobre o dinheiro dos outros. Mas quando é o seu, a coisa é diferente", confessou, enquanto media os prós e contras de sair do Brasil mais uma vez.

A mulher do meio-campista, Renata, pediu para que ele não fosse. Lembrou que a família teria de passar por uma adaptação difícil, especialmente para os filhos: Mateus, de sete anos, e Miguel, de dois. Jadson já havia passado sete anos no Shakhtar Donetsk, na Ucrânia. Apesar de ídolo na torcida, ele mesmo confessou que os invernos eram difíceis. Sofreram com preconceito. A família está feliz em São Paulo, os filhos estão matriculados em uma boa escola. Justamente agora, Jadson voltou a ser parte importante da equipe, justamente quando começa uma campanha de Libertadores. "Imagina se eu faço o gol do título. Nunca vou ser esquecido no Corinthians", chegou a especular durante uma das conversas.

O pedido balançou o meia. Ele teve uma conversa com Tite, que não pediu para ele ficar, embora tenha dito que se isso acontecesse, seria muito bom para a equipe.

"Você é importante para o time. Gostaria que continuasse. Mas a decisão é sua. Para onde for, vou torcer por você", lhe disse o treinador.

Um dos seus empresários, Bruno Paiva, estava tentando agilizar o pagamento dos R$ 16,3 milhões que representariam o valor da multa rescisória com o Corinthians. A negociação teria de ser finalizada e o contrato, assinado até a noite de sexta-feira (horário chinês). A janela para inscrições de atletas estrangeiros no país termina no sábado (28). O prazo era curto para tudo ser resolvido e, principalmente, Jadson resolver de uma vez por toda.

Isso aconteceu no começo da tarde desta terça (24). Quando chegou para treinar no Centro de Treinamento do clube, Jadson já havia decidido ficar. De fato, ele se colocou à disposição de Tite para a partida desta quarta (25), contra o Linense, pelo Campeonato Paulista. O treinador decidiu deixá-lo fora dos relacionados mesmo assim.

Em salários, ele deixa não assinado um contrato de três anos que lhe daria, no total, cerca de R$ 25 milhões.

A diretoria corintiana dava a negociação como certa e havia adotado o discurso de que era impossível segurá-lo no Brasil. Posição que irritou Jadson, como revelou a Folha. Ele achava que o clube não estava se esforçando em nada para mantê-lo no Parque São Jorge.

Wagner Carmo/Folhapress
Jadson comemora gol marcado na vitória do Corinthians sobre o São Paulo
Jadson comemora gol marcado na vitória do Corinthians sobre o São Paulo

"A multa é o limite. Vou fazer o quê? Comprar o atleta de novo?", questionou o presidente Roberto de Andrade em entrevista a Fox Sports.

O Corinthians ainda deve para os agentes de Jadson uma comissão referente à negociação para a chegada do jogador, trocado por Alexandre Pato com o São Paulo no ano passado. Ainda terá de negociar com eles a renovação de Guerrero, que fica sem contrato em julho.

O grande vitorioso na desistência da negociação é Tite. Jadson havia se tornado titular no início da temporada e o treinador teria de improvisar um substituto, especialmente na fase de grupos da Libertadores, em que a lista de inscritos já está fechada.

Editoria de Arte/Folhapress


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