Folha de S. Paulo


Corinthians pressiona prefeitura por aval ou R$ 420 milhões em dinheiro

Com a dívida da obra do Itaquerão superior a R$ 1 bilhão, o Corinthians pressiona a Prefeitura de São Paulo para viabilizar a obtenção de R$ 420 milhões, que seriam emitidos pelo município por meio de incentivos fiscais.

A Folha apurou que o clube espera que a prefeitura paulistana decida por um de dois caminhos.

Ou emita um comunicado ao mercado garantindo que os CIDs emitidos têm, sim, validade, independentemente de uma ação do Ministério Público que contesta isso, ou recompre esses títulos, pagando em dinheiro os R$ 420 milhões. A princípio, a prefeitura descarta as duas iniciativas.

Os CIDs são títulos que podem ser vendidos a empresas que gastam muito com impostos municipais. Podem ser utilizados para pagar tributos como IPTU e ISS.

A prefeitura paulistana já emitiu R$ 405 milhões em certificados e, nesta sexta (dia 20), aprovou a emissão dos R$ 15 milhões restantes, que tinham sido cortados por falta de comprovação do andamento da obra da arena.

É aí que mora o problema: o Corinthians e a construtora Odebrecht não conseguem vender nenhum centavo dos CIDs já emitidos.

A venda já seria feita com deságio. Ou seja, os R$ 420 milhões em títulos gerariam quantia líquida menor do que o valor de origem.

Entretanto, como há uma ação do Ministério Público questionando a validade desses incentivos fiscais, o clube e a construtora não conseguem negociá-los, ainda que seja com deságio.

A secretaria de Comunicação da gestão Haddad rebateu as críticas feitas pela cúpula do Corinthians e se isentou de responsabilidade pelo entrave financeiro.

"Uma ação popular do Ministério Público foi impetrada questionando os incentivos dados à construção da arena, o que interferiu na viabilidade da comercialização das CIDs, sem qualquer interferência da prefeitura", disse a prefeitura em nota.

A obra do estádio corintiano custou R$ 1,05 bilhão. Foi planejada para ser financiada essencialmente pelos CIDs da prefeitura e por R$ 400 milhões, oriundos de empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Na nota divulgada nesta sexta-feira, em que pressiona a administração municipal, o Corinthians afirma que esse impasse financeiro pode atrapalhar o dia a dia do clube, dificultando a contratação de atletas e o pagamento de salários.

Em seu site, o Corinthians afirma que a prefeitura está prejudicando suas finanças. Argumenta que até agora "não viu a cor do dinheiro".


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