Folha de S. Paulo


São Paulo e Corinthians se mobilizam para poupar água

Uma mina quase abandonada no estádio do Morumbi e um poço esquecido no centro de treinamento da Barra Funda, zona oeste da capital, foram as principais soluções encontradas pelo São Paulo para escapar da crise hídrica que assombra a cidade.

A redução na irrigação dos campos onde treinam seus jovens e a utilização da água da chuva no Itaquerão, seu estádio na zona leste, foram as medidas adotadas pelo Corinthians para minimizar o impacto de um possível racionamento no fornecimento para a capital paulista.

"O gramado tem de estar sempre impecável, bem cortado e devidamente molhado. Isso tem que ser assim."

A frase do diretor de meio ambiente do São Paulo, Eduardo San Martin, mostra o maior desafio dos clubes de futebol em tempos de economia de água: como manter os campos perfeitos para a prática de futebol?

O time tricolor fez uma obra no Morumbi para levar a água de uma mina no subsolo do estádio para um reservatório atrás do gol e usá-la para molhar o gramado.

No centro de treinamento da Barra Funda, a fonte principal de água agora é um poço artesiano dos tempos em que o espaço foi construído e que havia sido abandonado. E em Cotia, casa das categorias de base do clube, até um lago é usado para a irrigação do gramado onde os garotos jogam futebol.

Além disso, o São Paulo adotou outras ações para entrar na economia de água: instalou redutores de vazão em torneiras e chuveiros, eliminou a lavagem de pisos, trocou a irrigação automática dos jardins de sua área social por regadores manuais e tem feito uma campanha de conscientização dos sócios.

"Nossa ideia é ficar autossustentável em relação à água. Mas nenhuma das nossas ações foi tomada para responder a essa crise que estamos vivendo. Elas são parte do conjunto de um projeto de conscientização ambiental do clube, iniciado há cerca de um ano", disse San Martin.

Pelo menos em relação ao consumo de água oriunda do sistema público, as medidas têm dado certo. O São Paulo consumiu no mês passado 3.939 metros cúbicos de água vinda da Sabesp, uma redução de 51,8% em relação ao volume gasto em janeiro de 2014 (8.170 metros cúbicos).

AINDA SEM ECONOMIA

Já o Corinthians, por meio de sua assessoria de imprensa, disse não ter conseguido reduzir seu consumo desde o início da crise hídrica. O clube, no entanto, afirmou estar tentando economizar água.

"Antes fazíamos a irrigação do campo da Fazendinha, onde treinam os meninos da base, de manhã e à tarde. Agora, é uma vez por dia. Nos outros departamentos, temos pedidos para que seja divulgada a necessidade de diminuir o consumo", disse o engenheiro Rafael Dias.

Inaugurado em maio do ano passado, o Itaquerão foi projetado para ter baixo consumo de água.

O estádio possui um sistema que armazena até 300 mil litros de chuva, captadas por telhado e transportada por uma rede de canos. Essa água é utilizada na irrigação do gramado, em vasos sanitários e também na contenção de possíveis incêndios.

Apenas as torneiras do estádio corintiano recebem água da Sabesp, o que, de acordo com o clube, dificulta a economia na conta.

O Palmeiras também foi procurado pela Folha, mas optou por não responder se tinha implantado algum mecanismo para poupar água.

COMO O CORINTHIANS ECONOMIZA ÁGUA

- Diminuiu a irrigação do campo usado pelas categorias de base no Parque São Jorge

- Utiliza água da chuva para irrigar o campo e abastecer os banheiros do Itaquerão

- Realiza uma campanha de conscientização com sócios do clube

COMO O SÃO PAULO ECONOMIZA ÁGUA

- Irrigação dos gramados é feita com água de mina, lago ou poço

- Instalou redutores de vazão nos banheiros

- Trocou a irrigação automática dos jardins por regadores manuais

- Deixou de lavar pisos do clube social


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