Folha de S. Paulo


Promotor vai pedir banimento de organizadas nos estádios ao Estado

O promotor Paulo Castilho, do Ministério Público de São Paulo, quer alterar a legislação para proibir a entrada das torcidas organizadas nos estádios paulistas. Castilho vai pedir nesta sexta-feira (13) uma reunião com Alexandre de Moraes, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, para propor a medida.

"Se são as torcidas organizadas que causam a violência, é justo que elas não possam mais comparecer aos jogos", disse Castilho à Folha.

Segundo ele, existe mecanismo constitucional que permite a adoção da medida.

"É claro que existe. Basta haver vontade política para que isso aconteça", afirmou.

O promotor não está sozinho na questão. No grupo que vai fazer o pedido a Alexandre de Moraes está o também promotor do Ministério Público Roberto Senise, os desembargadores Sérgio Ribas e Miguel Marques e Silva, além do juiz do Juizado Especial Criminal (Jecrim) Ulisses Augusto Pascolati.

"Não adianta mais protelarmos. O Estado precisa encarar esta questão de uma vez para resolvê-la", afirmou Castilho.

COMPASSO DE ESPERA

Ao contrário do que aconteceu antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians no último domingo (8), o Ministério Público não vai pedir para que apenas a torcida da casa possa comparecer ao jogo entre Corinthians e São Paulo, que será realizado na próxima quarta-feira (18), no Itaquerão, pela Taça Libertadores.

Será o primeiro clássico do estádio alvinegro no horário das 22h.

"Não vou pedir, não. Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos desta vez", disse Castilho.

O promotor entende que soluções como a adotada no último domingo são conceitualmente erradas.

"Da maneira como está hoje, com torcedores organizados sendo escoltados até o estádio do rival, não há sentido", disse.

"Se o sujeito precisa ser conduzido pela polícia para dentro do estádio para não brigar com outro, o lugar dele certamente não deveria ser em um estádio. A polícia está, na verdade, protegendo os membros de organizadas, não os cidadãos", afirmou.

MINISTÉRIO

Em reunião nesta quinta-feira (12) com a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), o ministro do Esporte, George Hilton (PRB), defendeu as torcidas organizadas de futebol, que, segundo ele, não são todas violentas.

"Sabemos que a torcida organizada é uma representação da sociedade, com pai de família, médicos, advogados e também pessoas violentas. O encontro foi para mostrar que as torcidas organizadas não são todas por si violentas. Nós temos dados que mostram que somente de 5% a 7% dos torcedores organizados são violentos, dos quais muitos desses não são cadastrados dentro das torcidas. Os números mostram que os torcedores não são violentos e as torcidas estão propensas a retirar as pessoas violentas no meio das torcidas organizadas", analisou.


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