Folha de S. Paulo


São Paulo tenta romper contrato com patrocinador

A guerra nos bastidores entre o atual presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, e seu antecessor, Juvenal Juvêncio, envolve também o contrato de patrocínio do clube com a Alsaraiva, empresa que administra as redes de fast-food Habib's e Ragazzo.

A Folha apurou que os dirigentes estão insatisfeitos com o valor pago pela empresa. O acordo foi renovado em outubro de 2013 e vale até o final de 2016. Foi Juvêncio quem assinou o documento. Aidar assumiu o cargo em abril de 2014 e está em pé de guerra com o seu antigo aliado.

A reportagem teve acesso ao contrato. A Alsaraiva Comércio Empreendimentos Imobiliários e Participações Ltda se comprometeu a pagar R$ 2 milhões pelos três anos e meio da parceria. Na média, o São Paulo recebe cerca de R$ 50 mil mensais, já que o valor é corrigido anualmente pelo IGP-M, índice de preços da Fundação Getúlio Vargas.

Procurados pela Folha, o departamento de marketing do clube e o presidente Carlos Miguel Aidar disseram que não iriam se pronunciar oficialmente sobre o assunto.

Reprodução/Rubens Chiri/saopaulofc.net
Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo
Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo

No ano passado, o São Paulo tentou negociar com a Alsaraiva um aumento no valor a receber. O presidente e fundador da empresa, Antônio Alberto Saraiva, negou o pedido, argumentando que o acordo estava sacramentado e não havia motivo para ser revisto. Desde então, dirigentes tentam encontrar um meio de rompê-lo.

A avaliação no Morumbi é que seria possível conseguir R$ 5 milhões no mercado por um contrato parecido com o firmado com a Alsaraiva.

A grande queixa dos dirigentes é que o São Paulo oferece uma série de benefícios em troca dos R$ 50 mil por mês.

Segundo o documento, o São Paulo fornece 10% de exposição no backdrop, o painel que fica atrás dos jogadores quando estes concedem entrevistas coletivas para a TV; estampa o logotipo do Habib's nas mangas das camisas de treino do time profissional e da comissão técnica; dá seis placas de publicidade no Centro de Treinamento do clube, três no estádio do Morumbi e dez no CT das categorias de base, em Cotia; faz oito inserções de 30 segundos da logomarca Habib's ou Ragazzo no placar eletrônico em dias de jogos; publica banner no site oficial.

Além disso, a Alsaraiva tem o direito de comercializar alimentos e bebidas no Morumbi. Ela tem a exclusividade para negociar qualquer alimento, menos amendoim, produtos feitos de cacau e sorvete. O São Paulo não recebe porcentagem das vendas.

"É um valor irrisório, que não está de acordo com o tamanho e a importância do São Paulo. O clube deveria estar recebendo muito mais do que isso. Se eu estivesse na diretoria, também tentaria mudar isso. Pela visibilidade que o Habib's tem com esse acordo, o valor pago é ridículo", disse Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva.

A Alsaraiva se comprometeu a pagar o dinheiro em três parcelas, sempre em novembro. As duas primeiras, de R$ 675 mil cada, foram quitadas em 2013 e 2014. Resta um depósito de R$ 650 mil para este ano.

A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa do Habib's para conseguir um posicionamento da Alsaraiva sobre o contrato. A resposta foi que não era possível falar com a diretoria da empresa até o fechamento desta edição.


Endereço da página: