Folha de S. Paulo


Sem menção em súmula, injúria racial a Fabiana não irá ao TJD, diz CBV

24.ago.2014/Xinhua
Fabiana Claudino beija o troféu do Grand Prix de 2014, em Tóquio
Fabiana Claudino beija o troféu do Grand Prix de 2014, em Tóquio

Um dia após a capitã da seleção brasileira, Fabiana Claudino, ter acusado um torcedor de injúria racial durante jogo entre Sesi e Minas, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) informou que o caso não será levado para o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva).

Nesta quinta-feira (29), a confederação disse que a suposta injúria não foi mencionada no relatório do delegado do jogo, nem na súmula da partida, realizada em Belo Horizonte na noite de terça (27).

De acordo com a assessoria de imprensa da CBV, não há vídeo ou imagem da suposta injúria racial, já teria ocorrido no anel superior das arquibancadas do ginásio do Minas Tênis Clube. Da mesma forma, as jogadoras e o delegado só souberam do caso após o término da partida.

Em um comunicado divulgado nesta quinta, a CBV se solidarizou com a atleta.

"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) se solidariza e declara total apoio a central do Sesi-SP e capitã da seleção brasileira, Fabiana Claudinho, vítima de um episódio lamentável, na última terça-feira (27.01), quando foi insultada com injúrias raciais durante o jogo na Arena Minas, em Belo Horizonte (MG)", afirmou a entidade.

"O clube minastenista tomou as medidas cabíveis, retirando o agressor do ginásio na mesma hora, e a jogadora declarou que tomará as devidas providências. Diante de tal fato, a CBV repudia o ato de racismo, presta total solidariedade a atleta Fabiana e declara que espera não presenciar mais esse tipo de situação", conclui o documento.

O CASO

Fabiana afirma que durante o jogo, realizado em Belo Horizonte, um homem a chamou de "macaca" e perguntou se ela "queria banana". Após ser denunciado, o torcedor foi retirado do ginásio do Minas e encaminhado à delegacia.

Em quadra, o Minas derrotou o Sesi por 3 sets a 1. Mesmo derrotada, Fabiana foi a maior pontuadora do confronto, com 19 pontos

Na quarta, Fabiana declarou que só deve levar o caso à Justiça civil após conversar com o Minas, clube em que iniciou a carreira.

"Vou conversar com o Minas e, juntos, nós vamos tomar a melhor providência que pode ser tomada sobre esse caso", disse à Folha nesta quarta-feira (28).

Fabiana entende que a sociedade deve refletir sobre o racismo, mas entende que a punição é a solução mais adequada para evitar o surgimento de novos casos de injúria.

"A Justiça tem que fazer a lei ser cumprida, para que esse tipo de comportamento não volte acontecer, seja no vôlei, no futebol ou em outro esporte", afirmou.


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