Folha de S. Paulo


Amigo de Paulo Nobre, príncipe do Qatar sonha com ouro na Rio-2016

Marcel Merguizo/Folhapress
O piloto de rali e atleta de tiro esportivo Nasser Al-Attiyah, do Qatar, com sua Ferrari no complexo de Lusail
O piloto de rali e atleta de tiro esportivo Nasser Al-Attiyah, do Qatar, com sua Ferrari no complexo de Lusail

Os carros de luxo, o rifle feito sob medida, o bicampeonato no Rali Dacar conquistado há duas semanas, a medalha de bronze olímpica, nada no momento é mais valioso para Nasser Al-Attiyah, 44, do que a busca pelo ouro. E ele sonha encontrá-lo no Rio.

Membro de uma das mais tradicionais famílias do Qatar, Nasser é considerado príncipe mas não está na linha de sucessão real do pequeno e rico país do Oriente Médio.

"Dinheiro não é tudo na vida. Fico feliz que o governo dá todo o suporte para o esporte no Qatar. Mas tenho que trabalhar muito duro", afirma o atleta que foi terceiro colocação no tiro esportivo em Londres-2012, um ano depois do seu primeiro título no Dacar.

Com relações estreitas com o emir Tamim bin Hamad Al-Thani, Nasser diz que não gasta "um dólar" para treinar no novíssimo complexo de tiro construído em Lusail, cidade planejada que vai sediar abertura e final da Copa em 2022.

Alberto Raggio/Xinhua
Nasser Al-Attiyah comemora vitória no rali Dakar, na Argentina
Nasser Al-Attiyah comemora vitória no rali Dakar, na Argentina

Ele também não pagou pela arma personalizada com a qual atira nas competições. Presente da patrocinadora que pode custar até R$ 70 mil.

Apesar de ter como hobby a caça com falcão, considerada esporte no Qatar, ele gasta mesmo com os carros de luxo que ostenta quando está em Doha. Ao treino da última segunda (26), ele foi com uma Ferrari amarela. Deixou em casa o Porsche e outros esportivos. Paixão que nutre desde a adolescência quando queria ser jogador de futebol.

"Todo mundo quer ser atacante. Mas quando comecei a dirigir, vi que era bom e poderia me desenvolver mais que no futebol. Prefiro esportes individuais. Hoje gosto de tiro e de pilotar da mesma maneira", explica um dos quatro qataris a ter medalha olímpica.

Nasser vai disputar em 2016 sua sexta Olimpíada na sequência e ainda pensa em chegar aos Jogos de 2020.

Ao Rio ele nunca foi, mas já tem uma ligação com o Brasil. Além de participar de competições de tiro duas vezes em Campinas, o bicampeão do Dacar disputou o Rali dos Sertões, em 2009 e 2010.

"Tenho amigos no Brasil", afirmou. "Sou amigo do presidente do Palmeiras. Nos divertimos muito. Ele ainda é presidente?", questionou, referindo-se ao empresário e piloto de ralis Paulo Nobre.

Ao saber da reeleição no clube, brincou: "Ele deve ter colocado muito dinheiro lá".

Como Nasser, Nobre também montou a própria equipe para pilotar mundo afora.

O príncipe do Qatar poderá reencontrar os amigos em breve, pois planeja passar um período no país antes dos Jogos.

"Quero estar entre os três primeiros no Rio. Ganhar [o ouro] é um sonho. É mais uma chance para mostrar meu país. Em 2009, quando fui para o Dacar na Argentina, ninguém conhecia o Qatar", diz.

Marcel Merguizo/Folhapress
Nasser Al-Attiyah é medalhista olimpico do tiro esportivo
Nasser Al-Attiyah é medalhista olimpico do tiro esportivo

Por essa vontade de exibir a potência de um país com menos de 2 milhões de habitantes, Nasser acredita que organizar a Copa do Mundo em 2022 e outros eventos esportivos seja tão importante.

"Tenho certeza que vamos tentar trazer a Olimpíada. Por que não em 2024? Um degrau de cada vez. Nosso sonho era ter a Copa. E por que não ter uma no Oriente Médio?", indaga, com a resposta pronta.

"Não sei porque dizem que o Qatar não é o país ideal. Pagamos para trazer as pessoas e mostrar o que podemos fazer. Tenho certeza que podemos organizar a Copa".

O repórter MARCEL MERGUIZO viaja a convite da organização do Mundial de handebol


Endereço da página: