Folha de S. Paulo


Renovação e calendário são desafios do handebol brasileiro até a Rio-2016

Desde que retornou ao comando da seleção masculina de handebol, o técnico espanhol Jordi Ribera estabeleceu três grandes estágios para a equipe: os mundiais de 2013 e 2015 e a Olimpíada de 2016.

Passados dois destes degraus, com duas eliminações nas oitavas de final, com derrotas por um gol de diferença contra potências europeias (Rússia e Croácia), o treinador que já comandou a seleção do país entre 2003 e 2008 mira uma evolução nos Jogos Olímpicos.

No caminho, há os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, e o Mundial júnior, no Brasil, ambos em julho. E esta coincidência é o primeiro obstáculo da preparação.

Apesar de o Brasil ser o país sede do Mundial para jogadores até 21 anos, não conseguiu organizá-lo em uma data que não coincidisse com o Pan de Toronto. Um problema para o técnico do Brasil.

Ribera vai levar a equipe principal ao Pan, que vale vaga na Rio-2016 ao campeão. A seleção brasileira já está garantida no Rio, mas quer aproveitar para entrosar mais o time e ainda retomar o título continental que perdeu para a Argentina, em 2011.

O problema é que ao menos dois dos principais atletas da seleção têm idade para jogar o Mundial júnior: o armador direito Zé e o central João, que se destacaram no Mundial do Qatar. Mas eles também são fundamentais para o Brasil melhorar sua posição no Mundial júnior (foi sexto na Bósnia, em 2013).

Além deles, o ponta Cléber (que esteve no Qatar mas não jogou) e outras promessas ficarão no Brasil para a disputa sub-21, que acaba em 2 de agosto, e não brigarão pelo título em Toronto, de 10 a 26 de julho. O armador Léo e os pivôs Panda e Rogério também são considerados potenciais jogadores para estar na Olimpíada.

Há consenso na comissão técnica que deve haver uma mescla entre os mais experientes e os mais jovens, mas também que a geração que vem jogando junta desde o juvenil (foram 9º no Mundial de 2013] e o júnior está pronta para começar a reforçar a equipe principal do país já para a disputa no Rio.

"Depois deste Mundial [no Qatar], temos argumentos para enfrentar qualquer time. E, no Rio, a torcida pode ser nosso diferencial", diz Ribera, projetando uma boa campanha.

Ainda em junho deste ano, a seleção brasileira principal vai disputar o Torneio Internacional Quatro Nações, em casa. Em 2014 o Brasil ganhou a competição, em final contra a Argentina. Para 2015 os convites já são para seleções mais fortes no cenário mundial, como Polônia e Romênia, além de Coreia do Sul.

Ainda na preparação para a Olimpíada, os jogadores brasileiros que têm contratos para serem renovados no meio deste ano ou estão em busca de novos times na Europa, também estão tentando colocar uma cláusula nos acordos que possibilite passar mais tempo com a seleção brasileira no início da temporada de 2016.

Como é inviável ter uma seleção permanente, a ideia é que eles sejam liberados por mais tempo para os treinos, o que esta cada vez mais difícil pois há mais atletas fora do país (dos 16 deste time do Mundial, nove atuam na Europa).

"E mais podem sair. O Mundial é um mostruário e o Brasil teve um desempenho muito bom", afirma o treinador do Brasil.

O campeão deste Mundial no Qatar será o primeiro classificado (além do Brasil, país-sede) para os Jogos Olímpicos do Rio. As outras vagas para 2016 serão distribuídas aos campeões dos Jogos Pan-Americanos, Copa Africana, Campeonato Europeu, pré-olímpico da Ásia e, por fim, seis vagas no pré-olímpico Mundial, completando as 12 seleções da Rio-2016.

O repórter MARCEL MERGUIZO viaja a convite da organização do evento


Endereço da página:

Links no texto: