Folha de S. Paulo


CBF contrata jogadoras da seleção e desfalca clubes na temporada

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) contratará 27 jogadoras de futebol que serão funcionárias da entidade na seleção permanente de futebol. Como se fosse um clube a entidade pagará salários, dará a infraestrutura para treinos, visando a Copa do Mundo do Canadá, em junho de 2015, e principalmente os Jogos Olímpicos do Rio em 2016.

Ao mesmo tempo que fortalece a preparação da seleção, a entidade desfalcará os clubes que se preparam para a temporada 2015. A Ferroviária-SP, atual campeã brasileira, teve sete jogadoras que defenderam o clube no ano passado migrando para o projeto da CBF após terem o contrato encerrado. O Centro Olímpico, também de São Paulo, não conseguiu renovar com cinco atletas.

"A CBF deveria valorizar os clubes, dar uma estrutura para que as jogadoras fossem formadas e deixassem o clube para servir a seleção. Sou contra o projeto", disse Danilo Zero, diretor de futebol da Ferroviária. O time de Araraquara, interior paulista, se prepara para disputar em fevereiro a Copa do Brasil feminina.

O torneio não contará com as principais jogadoras do país, que já estarão treinando com a seleção para um torneio em março, em Portugal.

Rafael Ribeiro/CBF
Técnico Vadão conversa com Poliana durante jogo da Copa América
Técnico Vadão conversa com Poliana durante jogo da Copa América

Para as jogadores, é vantajoso defender a "CBF Futebol Clube" não só por estrutura - os treinos são realizados no reformado centro de treinamento da CBF na Granja Comary, em Teresópolis, ou, caso a Granja esteja sendo utilizada pelo futebol masculino, em outros CTs modernos espalhados pelo Brasil. Financeiramente é bom para elas.

O piso salarial para participar da seleção permanente é de R$ 9 mil mensal, enquanto a média que uma jogadora recebe para defender um clube como a Ferroviária, por exemplo, é de R$ 2,5 mil.

"A maioria das jogadoras que contratamos deixaria o Brasil para jogar nos EUA. Os contratos no Brasil são feitos por temporada, elas estavam sem acordo com os clubes. O projeto é o ideal para esse momento, para formar uma seleção forte. E isso pode fazer com que os clubes formem elencos com jogadoras mais novas, para revelar talentos", disse Fabrício Maia, coordenador técnico de seleções femininas da CBF.

A entidade estima gastar R$ 5 milhões por ano com a seleção permanente, entre salários e investimento na preparação das jogadoras. Marta, principal jogadora do país e que atualmente defende o Rosengard, da Suécia, está entre as 27, mas só treinará, e receberá da CBF, quando não estiver no clube.

Para Artur Elias, técnico do Centro Olímpico, é preciso a melhora do calendário da CBF para o futebol feminino.

"Precisamos saber com antecedência quais competições disputar. Acho importante, visando resultados, a seleção permanente, mas os clubes precisam de planejamento para poder investir", disse Elias.
O trabalho da seleção permanente começará na próxima segunda-feira (26).


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