Folha de S. Paulo


Clubes mudam discurso e agora defendem o veto de Dilma Rousseff

Os grandes clubes do país fizeram lobby pela aprovação do refinanciamento das dívidas em 240 parcelas, com descontos nas multas e juros. Só para a União as 12 maiores equipes do país devem R$ 1,5 bilhão.

Em julho de 2014, uma comissão de cartolas, com participação de ligas regionais, como a do Nordeste, se reuniu com a presidente Dilma Rousseff para pressionar pelo parcelamento.

Entre esses dirigentes, estava o presidente do Corinthians, Mário Gobbi.

No entanto, quando a Medida Provisória (MP) foi vetada pela presidente Dilma, os cartolas adotaram discurso conciliador, dizendo concordar com a decisão ou, ao menos, vê-la com bons olhos.

Responsável pela emenda que pretendia facilitar o refinanciamento, o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) diz estar decepcionado com o veto do Planalto, mas aponta um aspecto positivo.

"Queríamos que o governo colocasse a mão no futebol. É o que vai acontecer porque a presidente vai editar outra MP", disse ele, que também é diretor do Atlético-GO.

Os dirigentes assumiram o discurso de que a ajuda governamental deve ser acompanhada de contrapartidas.

"Nós queremos um refinanciamento das dívidas em um ponto que os clubes possam pagar os seus compromissos. É claro que é preciso ter punição caso alguém não cumpra o acordado", afirmou o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, para o SporTV.

De acordo com agremiações como Atlético-MG e Corinthians, a MP deveria ter sido aprovada em agosto do ano passado. No momento, ambos já refinanciaram seus débitos com o governo.

"Isso se arrastou por meses devido a questões menores. O Corinthians já está no Refis [sistema de parcelamento com a Receita]", afirma o diretor financeiro do clube, Raul Corrêa.

Ele disse à reportagem que o Corinthians é favorável não só a penas financeiras caso os débitos das equipes não sejam equacionados. Deve haver punição esportiva também, com perda de pontos.

"A presidente se preocupa com a responsabilidade. Está certa", disse Modesto Roma Jr., presidente do Santos.

Em evento nesta terça (dia 20) em São Paulo, o presidente da CBF, José Maria Marin, não emitiu opinião. Só disse que estudaria o assunto.

Editoria de arte/Folhapress

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