Folha de S. Paulo


Herói do Mundial santista põe à venda medalha para pagar tratamento

Símbolo da maior conquista do Santos, a medalha dada aos jogadores pelo bicampeonato mundial de 1963 pode agora ajudar a custear o tratamento do mal de Alzheimer de Dalmo Gaspar, 82.

É justamente ele o autor do gol no 1 a 0 sobre o Milan, no Maracanã, que valeu a taça.

Devido às dificuldades financeiras da família, o objeto de ouro foi colocado à venda pela filha do ex-lateral esquerdo, Ana Paula Gaspar, por R$ 15 mil, embora tenha sido avaliado por um especialista em R$ 20 mil.

Hoje, o custo para o tratamento da doença de Dalmo é de R$ 3.000 mensais, com medicamentos, convênio médico e uma cuidadora. Ele recebeu o diagnóstico de Alzheimer em março de 2014.

Mas as despesas devem subir para quase R$ 7.000. Os médicos recomendam que ele seja internado em uma clínica, o que elevaria os gastos em R$ 3.700.

Divulgação/Família Dalmo
Medalha de Dalmo, recebida pelo bicampeonato mundial de 1963
Medalha de Dalmo, recebida pelo bicampeonato mundial de 1963

Lateral esquerdo do Santos de 1957 a 1964, companheiro de Pelé, Coutinho, Dorval, Pepe, Zito, Mengálvio, Gilmar, entre outros, Dalmo estava nos títulos do bicampeonato da Libertadores e do Mundial, em 1962/63.

Considerando apenas os clubes (não a seleção), aquele foi provavelmente o mais brilhante time que o futebol brasileiro já formou.

Após deixar os campos, Dalmo deu aulas de futebol e foi comentarista de rádio.

"A medalha é o símbolo maior daquele período vitorioso do Santos e do futebol brasileiro. É a maior glória do Dalmo. Ele deu de presente para a filha e disse que ela deveria usar em um momento de dificuldade. Hoje, ela resolveu usar para ajudar o pai", diz, emocionada, Rosa Gaspar, com quem Dalmo é casado há 50 anos.

Eles moram em Jundiaí, a 58 km de São Paulo.

No último domingo (11), o ex-jogador passou mal e foi levado a um pronto socorro na cidade. Com uma infecção sanguínea, ele está internado para tratamento.

Além da medalha, cuja venda tem sido divulgada por Ana Paula em redes sociais, Dalmo conta com a ajuda de amigos do Santos, como o ex-goleiro Lalá.

Ele e outros membros da Associação dos Veteranos do Santos pretendem anunciar nos próximos dias um leilão de uma camisa do Santos autografada por vários ídolos a fim de arrecadar dinheiro para a família de Dalmo.

Gabo Morales - 7.nov.2013/Folhapress
O ex-lateral esquerdo Dalmo, 81, autor do gol do bimundial
O ex-lateral esquerdo Dalmo, 81, autor do gol do bimundial

NA MARCA DO PÊNALTI

Alegre e cantando versos de "Garota de Ipanema", Dalmo reencontrou há dois anos os companheiros do bicampeonato mundial. Ao lado de Lima, Geraldino, Dorval, Coutinho, Mengálvio, Pelé e Pepe, relembrou a conquista no 50º aniversário.

No encontro, promovido pela Folha, Dalmo contou porque ele, e não Pepe, cobrou o pênalti que definiu a vitória sobre o Milan por 1 a 0 no jogo derradeiro da série de decisões pela taça.

O ex-ponta esquerda e Pelé (que não jogou porque estava machucado) eram os batedores oficiais do Santos.

"Eu era mais frio que eles e costumava cobrar pênaltis nos treinos com o Pelé e o Pepe. Durante o jogo, senti uma emoção ao ver a oportunidade e cobrei", disse.

Autor de quatro gols pelo Santos, bastou aquele na final do Mundial Interclubes para eternizar Dalmo.

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O gol, aliás, se assemelha ao milésimo marcado por Pelé. Aconteceu do mesmo lado no Maracanã e também no canto esquerdo do goleiro.

"Foi o maior feito da minha vida. O Santos era famoso, a gente viajava pelo Brasil, pelas Américas e pela Europa. Os estádios sempre estavam lotados para nos ver", lembrou Dalmo em 2013.

Ele foi um dos atletas mais festejados durante o desfile dos campeões pelas cidades de São Paulo e Santos.

Já naquela época o Mundial era avaliado como o feito máximo para os brasileiros. Em 1963, foram precisos três jogos para definir o campeão. O primeiro foi na Itália, onde o Santos perdeu por 4 a 2 para o Milan.

Na volta, no Maracanã, o time alvinegro devolveu o placar e provocou outro jogo, também no Rio, esse com o gol de autoria de Dalmo.

"Na hora do pênalti, senti uma força muito grande no Dalmo. Ele cobrou e ficou marcado na história", recorda-se Pepe.

Pois aquele dia histórico está representado em uma medalha de ouro que, acreditem, agora está à venda.

Editoria de Arte/Folhapress
Infográfico mostra como estão hoje jogadores que conquistaram o título do Mundial de Clubes em 1963
Infográfico mostra como estão hoje jogadores que conquistaram o título do Mundial de Clubes em 1963

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