Folha de S. Paulo


Baía de Guanabara varre lixo, mas segue problema para a Olimpíada

O lixo nas cinco raias de provas na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, se tornou a principal dor de cabeça para os Jogos Olímpicos de 2016 –superando o temor de atrasos nas obras.

Em 2014, foram retiradas mais de 439 toneladas de detritos do local.

Operando há um ano, os dez barcos instalados para tentar varrer as águas da baía já recolheram carcaças de geladeira, pneus, colchões e até um manequim.

Dados da Secretaria Estadual do Ambiente, contudo, mostram que operações especiais ainda são necessárias para garantir que a disputa de competições esportivas na baía ocorra sem problemas.

Em agosto do ano passado, por exemplo, quando foi realizado o primeiro evento-teste olímpico na baía, os barcos recolheram o triplo da média mensal de lixo.

Reprodução/Twitter/@vsail
Imagem de lixo boiando na Baía de Guanabara, palco das provas de vela da Rio-2016
Imagem de lixo boiando na Baía de Guanabara, palco das provas de vela da Rio-2016

"Em virtude da realização do evento-teste de vela, em agosto houve uma operação especial com horário estendido de operação das embarcações, o que permitiu otimizar o resultado do trabalho", disse a secretaria, em nota.

Barreiras foram instaladas na foz dos rios que deságuam na baía para evitar a entrada de parte dos objetos.

Isso, contudo, não garante a limpeza permanente das águas. A maioria dos 15 municípios que estão ao redor da baía tem coleta de lixo deficiente, o que garante a "renovação" da sujeira.

"A coleta na maioria dos municípios não chega em todos os bairros e nem tem periodicidade certa. As pessoas acabam jogando o lixo em qualquer lugar. Quando chove, tudo é carregado para a baía", diz Dora Hees de Negreiros, fundadora do Instituto Baía de Guanabara.

De acordo com o professor da Coppe/UFRJ Paulo Cesar Rosman, a praia de Botafogo, local de uma das raias de competição na Rio-2016, está suscetível a receber grande carga de detritos.

O governo do Rio do Janeiro afirma gastar R$ 4,6 milhões por ano em programa de educação ambiental, e R$ 1 milhão em apoio a projetos de catadores no estado. A coleta de lixo é responsabilidade das prefeituras.

O poder público também se comprometeu a tratar 80% do esgoto lançado na baía, o que melhoraria a balneabilidade das águas. A taxa atualmente está em 50%. A promessa, contudo, não foi incluída na matriz de responsabilidades, que detalha os compromissos dos governos para a realização dos Jogos.

Editoria de Arte/Folhapress

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