Folha de S. Paulo


Primeiro campeão do mundo, Medina teve estrutura inédita entre brasileiros

Disputado desde 1976, o Mundial de surfe é um território marcado por americanos, havaianos e australianos, que dividem 36 títulos das 39 temporadas disputadas até aqui. Mas o Brasil, agora, já não é mero convidado graças à geração encabeçada por Gabriel Medina.

O paulista de 20 anos, que conquistou o título na sexta (19), faz parte de uma leva de novos surfistas que, ao contrário dos pioneiros no país, contam com uma estrutura mais profissional e são acostumados, desde adolescentes, aos desafios do circuito.

Medina, por exemplo, tem o seu padrasto como técnico, possui um preparador físico que é amigo da família, e tem uma pequena academia em sua casa, em Maresias, litoral norte de São Paulo, para se preparar para as etapas quando está no Brasil.

"Quando eu comecei, eu não tinha noção de preparação física e nem existiam bons profissionais voltados para o surfe. E os atletas também não tinham tanta consciência. Eu fui ter uma boa preparação física já no final da minha carreira", disse Fabio Gouveia, 45, um dos precursores do surfe no Brasil.

Quase sempre vinculado à liberdade, o surfe também se tornou mais profissional. Medina, por exemplo, já recebeu US$ 431,5 mil (R$ 1,4 milhão) em 2014 e tem 11 patrocinadores.

Especialista em ondas grandes, Carlos Burle, 47, diz que o surfista precisa estar consciente da necessidade de se preparar bem fisicamente para disputar o Mundial.

"O surfe está mudando. O esporte é outro. Quem não se encaixa nesse perfil, não tem sucesso", disse Burle.

ONDAS GRANDES

Medina teve a oportunidade de começar a treinar em uma das melhores praias para a prática do surfe no Brasil, em Maresias. Mesmo assim, isso talvez não teria sido suficiente para o seu sucesso se não fosse a oportunidade de se acostumar com ondas maiores em outros países.

Em 2009, por exemplo, com 15 anos, ele já competia na França e na Espanha.

A primeira geração de surfistas do país, encabeçada por Fabio Gouveia e Teco Padaratz, não teve a mesma oportunidade. Treinavam no Brasil e viajavam mais velhos.

"A nova geração já cresceu sabendo que tinha de viajar para praticar em ondas de qualidade, o que não temos", disse Gouveia.

Editoria de Arte/Folhapress


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