Folha de S. Paulo


Para brasileiros, título de Medina reduz preconceito

Um brasileiro campeão mundial? O que há bem pouco tempo parecia utopia está, de fato, muito perto de acontecer. Quem pode quebrar este tabu é o paulista Gabriel Medina, 20, que luta pelo título na praia de Pipeline, no Havaí.

Desde a primeira edição do campeonato da ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), em 1976, apenas dois atletas fora do eixo EUA-Havaí-Austrália conquistaram o título: o sul-africano Shaun Tomson, em 1977, e o britânico Martin Potter, em 1989.

Para alguns dos surfistas mais experientes do Brasil, um título ajudaria a acabar com o que eles definem como pré-conceito com atletas do país na elite do esporte.

"É quase cultural. Todos acham estranho ver um brasileiro brilhando no meio deles (estrangeiros). Com o título, o Gabriel quebra este tabu", diz Teco Padaratz, 43, campeão da divisão de acesso ao Mundial em 1992 e 1999.

"Não vamos mais entrar como convidados da festa."

Com sete sufistas na elite, o Brasil é, hoje, o segundo país com mais presença no circuito, à frente dos EUA e atrás apenas da Austrália, que tem com 14.

Especialista em ondas gigantes, Carlos Burle, 47, ressalta que preconceito sempre existiu, mas é menor hoje.

"Achavam que os brasileiros não eram completos para conquistar um título mundial. Mas o Gabriel tem mostrado que é e sabe surfar qualquer onda", afirma.

Kelly Slater, 42, dono de 11 títulos mundiais, diz não saber se o mundo está preparado para ver um surfista brasileiro como campeão do mundo. Mas, em entrevista para a revista australiana "Stab", mandou um recado: "É melhor estar pronto, porque tem um [Medina] aí no banco do motorista".

No Havaí, Medina é tratado com o mesmo respeito que Slater e Mick Fanning. Não é para menos. Os resultados falam por si. O brasileiro lidera o ranking (56.550 pontos), contra 53.100 de Fanning e 50.050 de Slater.

Editoria de arte


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