Folha de S. Paulo


Análise: A decisão do Banco do Brasil é grande saque se visa acabar com a impunidade

A decisão do Banco do Brasil em relação à CBV não deve ser vista apenas como uma medida isolada. Tem tudo a ver com o que está acontecendo no Brasil e mundo afora.

Lembremos que recentemente dois grandes patrocinadores da Fifa abandonaram a entidade alegando não querer vincular suas marcas aos escândalos que costumeiramente atingem a casa do futebol mundial.

Aqui no Brasil não poderia ser diferente. O 7 a 1 do Mineirão tem reflexos que o nosso futebol ainda não parou para pensar sobre eles.

A desistência do tradicional patrocinador do Fluminense não é algo que se possa considerar apenas como decisão circunstancial.

Cada vez mais as marcas são ciosas do seu patrimônio e se preocupam em evitar a vinculação seja com escândalo de corrupção, seja com violência de torcedor.

Não é à toa que acabamos de saber que Ronaldo Fenômeno, membro do Comitê Organizador da Copa no Brasil, e eventual ministro do Esporte, caso a eleição tivesse sido vencida por Aécio Neves, está investido seu rico dinheirinho no Fort Lauderdale, time de futebol dos EUA. Por que não no Brasil?

A resposta é óbvia. Alguma coisa parece que quer começar a mudar no país. Grandes executivos de empreiteiras estão vendo o sol nascer quadrado, indiciados pelo Ministério Público Federal.

A Comissão Nacional da Verdade nomeou 377 responsáveis por torturas no período da ditadura, e os principais líderes do partido que está no governo federal conheceram os rigores da prisão.

Se a decisão do Banco do Brasil é mais uma no sentido de acabar com a impunidade, é um grande saque.

É mais que um ponto, vale todas as medalhas de ouro que nosso voleibol já recebeu.

É a prova que não aprovamos mais o rouba mas faz.

Juan Mabromata - 25.jul.2010/AFP
Com camisa patrocinada pelo Banco do Brasil, atletas da seleção masculina festejam título da Liga Mundial de 2010
Com camisa patrocinada pelo Banco do Brasil, atletas da seleção masculina festejam título da Liga Mundial de 2010

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