Folha de S. Paulo


No Brasil, é difícil se preparar para um confronto, afirma Michel Bastos

Principal meia do São Paulo atualmente, Michel Bastos não teve dificuldades para, em quatro meses de clube, assegurar um lugar entre os titulares. O meia de 31 anos se vê num bom momento e exalta as qualidades do seu time.

Os elogios, contudo, não se estendem à situação do futebol brasileiro.

De volta ao país após nove anos no exterior, ele critica a a falta de tempo dos times têm para se preparar para os jogos, justamente o que ele e seus companheiros terão de superar nesta quarta (26).

O São Paulo recebe o Atlético Nacional, da Colômbia, no Morumbi, pela semifinal da Copa Sul-Americana.

Com o revés por 1 a 0 na ida, precisa vencer por dois gols para ficar com a vaga. Vitória por 1 a 0 levará aos pênaltis. Qualquer outro resultado é favorável ao rival.

"Poder jogar uma partida depois de ter tido tempo de descansar, de se preparar é muito bom. No Brasil, isso é difícil", disse à Folha sobre os dois dias para treinar.

Michel Bastos, que voltará a jogar no meio, colocou no banco Kardec –recuperado de entorse no tornozelo.

Antes da decisão, o meia também falou sobre o futuro no São Paulo.

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Rubens Cavallari/Folhapress
Michel Bastos durante treino do São Paulo; reserva no início, hoje jogador é titular
Michel Bastos durante treino do São Paulo; reserva no início, hoje jogador é titular da equipe

Semifinal da Sul-Americana

"Será difícil. Do outro lado há um time experiente, copeiro. Temos de ter espírito de decisão nesse jogo, que pode nos colocar numa final para decidir um título em 2014."

Perda do título do Brasileiro

"Ficamos chateados, mas estamos cientes de que ainda temos a possibilidade na Copa Sul-Americana. É uma forma de não acabar o ano no zero. Um título, juntamente com a vaga na Libertadores, já é bastante para quem não fez boa temporada no ano passado."

Jejum de títulos no Brasil

"Isso não me incomoda. Atuei pouco no Brasil. Por isso, voltar e, em quatro meses, almejar um título é algo especial."

Lateral, volante ou meia?

"Ser versátil facilita para mim, para o grupo e para o treinador. Lógico que é melhor manter uma posição. Sou meia e sempre tive a preferência por jogar nessa posição. Mas, quando cheguei, disse que meu objetivo era ajudar. Então, não tem porque mudar."

Autoavaliação

"Estou em um momento bom. Tenho 31 anos e me sinto bem fisicamente. Penso que é possível daqui um tempo sentar com a diretoria para ver algo a longo prazo [tem contrato até dezembro de 2015]. Minha intenção é permanecer."

Nível técnico no Brasil

"Pioramos tecnicamente. O fato de os jovens de qualidade saírem muito cedo enriquece só o futebol estrangeiro. Jogadores com 16, 17 anos, já deixam o país e nós pagamos o preço [da falta] de qualidade."

Organização

"O calendário no Brasil sempre foi tema difícil. Jogadores que estão aqui há muito tempo talvez estejam acostumados, mas a gente que vem de uma organização muito boa [Europa] estranha. Poder jogar uma partida depois de ter tido tempo de descansar, de se preparar para o confronto é muito bom. Aqui é difícil. São muitas competições, viagens. Para o treinador, é difícil organizar o time para os jogos."

Nível da arbitragem

"Hoje em dia vemos muito mais erros de arbitragem. Muitas vezes, são erros ridículos. A arbitragem precisa mudar para a melhora do futebol."

Família

"Sou casado há quase dez anos e tenho dois filhos. Tinha um projeto: quanto mais velho ficasse, mais tempo passaria com a família. Mas aconteceu o contrário [risos]."


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