Folha de S. Paulo


GP Brasil dribla a crise da água com o auxílio de lago

Na reta oposta, os carros ultrapassam os 300 km/h, no trecho mais rápido do circuito. Ao lado, atrás dos muros e da arquibancada, caminhões passam a 20 km/h.

Ao final da reta, os F-1 têm a Curva do Lago. É para lá que vão os caminhões-pipa, cerca de dez vezes ao dia, para serem abastecidos com 11 mil litros cada um e, assim, ajudar Interlagos a escapar da crise de abastecimento de água que atinge o Estado de São Paulo.

O bairro onde fica o autódromo na capital paulista recebeu este nome porque fica entre dois lagos artificiais criados para ajudar no abastecimento: a represa Billings e a Guarapiranga.

É a segunda que abastece o autódromo. Na última quinta-feira (6), a Guarapiranga, fonte de água para 4 milhões de paulistanos, contava com apenas 37,1% da capacidade.

Segundo a Sabesp, em novembro o consumo de água no autódromo aumenta cerca de 52%, por causa do GP Brasil.

Marcel Merguizo/Folhapress
Caminhao abastece no lago de Interlagos
Caminhao abastece no lago de Interlagos

"A média de consumo/mês do autódromo, fora do mês do GP Brasil, é de aproximadamente 2.500 m³. Já no mês do evento, o consumo salta para 3.800 m³. Na semana do evento, a Sabesp providencia uma ligação provisória para atender ao aumento da demanda", diz a empresa em nota.

O abastecimento é ininterrupto, segundo a Sabesp, ou seja, 24 horas por dia, sete dias da semana.

"A Sabesp garante a continuidade do abastecimento do local, inclusive nos dias de grandes eventos", afirma o comunicado.

Durante todos os dias de GP Brasil é possível ver caminhões-pipa da Sabesp, com água potável, e outros de uma empresa terceirizada, que na última sexta (7) contava com quatro veículos sendo abastecidos no lago, que tem volume estimado em cerca de 125 milhões de litros.

Na margem do lago é possível ver peixes pequenos, pneus abandonados e lixo.

A água retirada por duas bombas é usada diariamente para lavar ruas de acesso aos pontos do circuito, limpar a pista onde passam os carros da F-1 e encher caixas d'água de locais que não a usam para consumo.

De acordo com a organização do GP Brasil, o sistema natural de captação faz com que esta água de reúso acabe voltando ao local de origem.

"Contando ainda com algumas nascentes, o lago de Interlagos nada sofreu com a longa estiagem", diz nota da assessoria de imprensa.

Ainda de acordo com os organizadores, o consumo de água potável é limitado ao uso para cozinha e banheiro.

"Banheiros a vácuo colaboram para economizar água."

Durante a montagem e o evento em si são consumidas 8.000 dúzias de garrafas de água pela organização.


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