Folha de S. Paulo


Federação de Vôlei condena prisão de iraniana e ameaça sanções

O presidente da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), o brasileiro Ary Graça, condenou a prisão da iraniana Ghoncheh Ghavami, 25, por tentar assistir a uma partida de vôlei em seu país e colocou em xeque a realização de novos eventos no Irã.

"Isso [a prisão da iraniana] nos deixa em dificuldade de querer fazer novos eventos no Irã no futuro na medida em que estamos comprometidos com a inclusão", disse Graça em entrevista ao programa "Redação SporTV", do canal SporTV.

"Não entra na nossa cabeça excluir mulheres. É o mesmo que excluir raças. Não tem que excluir ninguém. Tenho impressão de que teremos dificuldade para o futuro. Apesar de já termos acertado antes, temos o Campeonato Asiático em Teerã. Estamos em contato permanente com Humans Right para convencer que eles têm de mudar o procedimento deles, assim como o Comitê Olímpico Internacional" completou o brasileiro.

Ary Graça disse também ter feito uma carta ao presidente do Irã, Hassan Rohani, pedindo uma intervenção neste assunto. Segundo Graça, apesar da pressão, a FIVB ainda não obteve resposta.

"Essa moça está presa há simplesmente sete dias. Ela queria ver um jogo de vôlei, e esse foi o crime que cometeu. Isso é um absurdo no nosso ponto de vista. É uma mentalidade de neandertal. Não tem cabimento no dia de hoje", disse Graça.

Segundo o brasileiro, uma punição à Federação Iraniana de Vôlei está descartada. Para ele, jogadores iranianos e a federação não podem ser punidos por uma atitude do governo.

O CASO

Uma mulher com nacionalidades iraniana e inglesa foi considerada culpada por fazer propaganda contra o governo do Irã, por tentar assistir a um jogo de voleibol masculino em Teerã, capital do país no Oriente Médio.

Ghoncheh Ghavami foi presa em junho ao tentar assistir à partida entre as seleções nacionais do Irã e da Itália. Mulheres são vetadas de entrar em partidas jogadas exclusivamente por homens no Irã.


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