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Igualdade de gêneros pode ajudar país na Olimpíada, aponta estudo

Nos Jogos de Londres, em 2012, todos os 204 países tiveram ao menos uma mulher em sua delegação. Arábia Saudita, Qatar e Brunei, que nunca haviam sequer inscrito uma atleta, participaram da Olimpíada com mulheres.

Este marco inédito mostra um dos fatores que podem ajudar um país a evoluir no quadro de medalhas de uma Olimpíada.

Segundo estudo da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), de Vancouver, no Canadá, a igualdade de gêneros é dos principais aspectos que turbina a conquista de medalhas em olimpíadas.

No trabalho, os pesquisadores da Escola de Negócios da UBC compararam os feitos olímpicos de 121 países em Londres-2012 e nos Jogos de Inverno de Sochi-2014 com a análise destas nações no Relatório Global sobre Desigualdade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial de 2013.

Para saber a importância do impacto da igualdade de gêneros, eles isolaram este de outros fatores, como renda, produto interno bruto, população e latitude (posição geográfica do país), índices normalmente utilizados para explicar o sucesso olímpico.

Ormuzd Alves - 28.jul.1996/Folhapress
Jacqueline Silva e Sandra Pires comemoram vitória na Olimpíada de Atlanta-1996
Jacqueline Silva (dir.) e Sandra Pires comemoram vitória na Olimpíada de Atlanta-1996

"Todos os fatores são importantes e desempenham papéis únicos na previsão de medalhas", explica a professora Jennifer Berdahl à Folha.

Obviamente, uma potência olímpica não se define apenas pela igualdade de gênero, ou a Islândia seria a maior campeã dos Jogos seguida de Finlândia, Noruega e Suécia, conforme o ranking do Fórum Econômico Mundial de 2013.

"Mas a igualdade de gênero foi o mais significativo e robusto no prognóstico de sucesso olímpico de um país após o produto interno bruto", diz a autora do estudo que será publicado em janeiro.

Segundo ela, países com maior igualdade de diretos entre homens e mulheres na política, educação, saúde e expectativa de vida chegam mais ao pódio nos Jogos.

Um dado que surpreendeu a autora do estudo foi o fato de a igualdade também beneficiar o resultado masculino.

Para Berdahl, a explicação seria o fato de que em "sociedades com rígidos papéis de gênero, as mulheres são incentivadas a serem recatadas e os homens considerados femininos são deixados de fora do esporte cedo".

Assim, com a igualdade, todos acabam vencendo.

Editoria de Arte/Folhapress

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