Folha de S. Paulo


Brasileiras superam torcida italiana para conquistar o bronze no Mundial

Pelo terceiro Mundial consecutivo, o Brasil se manteve no pódio. Desceu um degrau depois das pratas em 2006 e 2010, mas conquistou o bronze com uma atuação que coroou a campanha de 12 vitórias e apenas uma derrota em quadras italianas.

Nos 3 sets a 2 (parciais de 25/15, 25/13, 22 /25, 22/25 e 15/7) contra a Itália, neste domingo (12), em Milão, o que deu certo durante a competição –e errado no enorme tropeço contra os EUA na semifinal– voltou a funcionar bem a maior parte do jogo.

Ao contrário do que aconteceu no sábado, Camila Brait defendeu bem, Jaqueline passou e atacou com precisão, Dani Lins pode distribuir bem os pontos entre Sheilla e Fê Garay e o ataque foi arrasador. Nem mesmo foi necessário uma atuação de gala das centrais Thaísa e Fabiana, como em outros duelos. Até a arbitragem, quando errou, foi a favor do time de José Roberto Guimarães.

Do lado italiano, antes da partida começar, as brasileiras puderam perceber que a maior força vinha mesmo da torcida. Afinal, para os cerca de 12 mil torcedores que lotaram o Mediolanum Forum, a disputa do terceiro lugar não era apenas uma recompensa para o melhor entre os perdedores da semifinal.

Durante a partida, as brasileiras ainda descobririam que outro enorme desafio seria parar a oposta Valentina Diouf, a mais alta em quadra (2,02m), que terminou o jogo com 31 pontos (ou seja, mais mais de um set inteiro só dela).

O bronze, para as italianas, era a chance de a seleção que começou o Mundial desacreditada fazer a festa na última partida em casa. Houve muitos aplausos, sim, mas na maior parte do jogo era uma forma de empurrar o time da casa diante da superioridade brasileira.

Na arena, faixas com "Forza Itália", bandeirão tricolor e hino nacional cantado –ou melhor, gritado– antes do jogo. Depois, cada ponto italiano era uma explosão na arquibancada.

Tal ímpeto foi muitas vezes silenciado pela seleção brasileira. Logo no primeiro set com um desempenho espetacular do ataque, que fez 15 pontos. No segundo, com uma sequência de 14 pontos consecutivos (de 11 a 10 para a Itália virou para 24 a 11 para o Brasil).

No terceiro, as italianas reagiram, principalmente devido à bela atuação de Valentina Diouf. A oposta de 21 anos e 2,02 m de altura fez nove pontos só no terceiro set. Filha de pai senegalês e mãe italiana, a jogadora nascida em Milão fez a arquibancada pulsar novamente.

No quarto set, equilíbrio do início ao fim, mas nos últimos pontos a empolgação jogou a favor das italianas.

No quinto e decisivo set, enfim, as duas gigantes italianas foram paradas. Restaram os aplausos para a torcida e para Valentina Diouf.

A vitória manteve as brasileiras, atuais bicampeãs olímpicas, entre as melhores do mundo.

Este foi o 17º Mundial feminino de vôlei, o quarto em que o Brasil foi medalhista. Antes, a seleção já havia conquistado três pratas (2010 e 2006, ambas no Japão, e em 1994, no Brasil). Houve um quarto lugar em 1998.

Já a Itália tem apenas uma medalha, a de ouro, em 2002, justamente o título que a seleção feminina do Brasil ainda não têm no currículo.

Com a vitória, a seleção brasileira também se tornou a segunda a mais vencer partidas em Campeonatos Mundiais. Com 88 vitórias, o Brasil passa o Japão (87) e fica atrás apenas da Rússia/URSS, heptacampeã mundial, que possui 120 triunfos.

SELEÇÃO DO CAMPEONATO

O americano Karch Kiraly, que já tinha ganho como jogador em 1986, levou o título agora como técnico. O técnico da seleção brasileira, Zé Roberto, recebeu o troféu "Fair Play" (por boa conduta esportiva) em nome da equipe brasileira.

As brasileras Thaísa, melhor central, e Sheilla, melhor oposta, entraram na seleção do campeonato, que ainda teve as ponteiras Ting (China) e Hill (EUA, eleita a jogadora mais valiosa do Mundial), a central Yang (China), a levantadora Glass (EUA) e a líbero DeGennaro (Itália).

Divulgação/FIVB
Seleção feminina conquista o bronze no Mundial da Itália
Seleção feminina conquista o bronze no Mundial da Itália

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