Folha de S. Paulo


Felipão copia seleção do 7 a 1 e ressurge no Grêmio

Menos de três meses depois de ter sua carreira colocada em xeque ao fracassar com a seleção brasileira na Copa do Mundo disputada em casa, Luiz Felipe Scolari começa a resgatar seu prestígio no Grêmio, justamente o clube que o tornou conhecido para o futebol há mais de 20 anos.

E, curiosamente, ele está tendo sucesso usando um sistema tático similar ao que utilizou com o Brasil durante a Copa, inclusive na derrota de 7 a 1 para a Alemanha, a pior da história da seleção.

Para quem imaginava que Felipão daria um tempo na carreira, ele surpreendeu ao aceitar no fim de julho o desafio de assumir um Grêmio que patinava no Brasileiro.

Editoria de arte/Folhapress

O sim foi dado muito mais pela amizade que tem pelo presidente gremista Fábio Koff do que para tentar apagar a imagem desgastada que deixou na Copa, mas Felipão mostra que ainda tem gás para formar times competitivos.

Nas 12 rodadas em que trabalhou neste Brasileiro, o time gaúcho conquistou 24 pontos, a mesma pontuação no período de Cruzeiro, que lidera a competição considerando as 25 rodadas já disputadas, e Atlético-MG –o Grêmio saiu da 11ª colocação para a quinta posição, agora com 43 pontos ganhos.

Um esquema tático similar ao da seleção na Copa tem dado certo principalmente na defesa, algo que até surpreende depois que o Brasil levou dez gols nos dois últimos jogos da Copa –incluindo o 3 a 0 para a Holanda na disputa do terceiro lugar.

O Grêmio só levou 14 gols na competição e tem a defesa menos vazada neste momento. Nos últimos oito jogos, o goleiro Marcelo Grohe não foi vazado.

Se não levar gol no encontro de sábado contra o São Paulo, em Porto Alegre, Grohe completará 838 minutos invicto e aparecerá como o quinto goleiro que ficou mais minutos sem ser vazado na história dos Brasileiros.

"Acho que [a melhora do Grêmio] se deve ao fato dos jogadores terem assimilado rapidamente a ideia de jogo e à dinâmica que vem sendo colocada em prática todos. Mas não vejo um time mais defensivo porque a marcação começa lá dos atacantes", disse à Folha Marcelo Grohe.

Essa marcação pressão citada pelo goleiro, segundo o colunista da Folha Paulo Vinícius Coelho, é uma característica desse time do Grêmio que o treinador tentou, sem sucesso, usar na seleção brasileira durante a Copa.

"Os sistemas são parecidos, no 4-2-3-1. O Ramiro, por exemplo, jogou numa posição contra o Botafogo [vitória de 2 a 0 no último domingo] parecida com a do Ramires na Copa", disse PVC.

Felipão tem evitado dar entrevistas exclusivas e prefere apenas se pronunciar em coletiva pré e pós-jogos.

Ainda há um pouco de ressentimento por ter sido considerado o grande culpado pelo fracasso na Copa.

"Não é só o meu estilo [de marcação]. Esse é o estilo do Grêmio. De boa marcação, pegada e boa distribuição dos jogadores em campo", explicou o treinador sobre a estratégia de seu time após a vitória sobre o Botafogo.

Reprodução/Facebook/MeuGremio
Felipão orienta os seus jogadores durante jogo contra o Criciúma, pelo Brasileiro
Felipão orienta os seus jogadores durante jogo contra o Criciúma, pelo Brasileiro

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