Folha de S. Paulo


Fifa decide banir investidores em compra de jogadores

A Fifa anunciou nesta sexta-feira (26) a decisão de banir do futebol a participação de fundos de investimentos na compra de jogadores.

Ou seja, só clubes poderão ser donos dos direitos econômicos dos atletas.

A decisão foi tomada na reunião de quinta (25), conforme a Folha adiantou no site.

O anúncio foi feito pelo presidente Joseph Blatter em entrevista coletiva em Zurique, após reunião do comitê executivo da entidade.

"O comitê decidiu que a terceira parte [fundos de investimento] deve ser banida e haverá um grupo de trabalho para uma transição. Um prazo será dado para isso", afirmou Blatter.

O presidente da Uefa, Michel Platini, comemorou a decisão. "O banimento é muito positivo para a liberdade dos jogadores e a transparência e integridade do jogo", disse.

Segundo Blatter e o secretário-geral, Jerôme Valcke, a medida deve ser totalmente implementada em três ou quatro anos em todo o mundo. De acordo com eles, o prazo exato pode ser definido na próxima reunião do comitê executivo, em dezembro.

O presidente da Fifa citou os clubes da América do Sul como os que precisam de um tempo para se adaptar às mudanças.

A medida atende a uma pressão da Uefa, sobretudo dos clubes ingleses, para acabar com a participação de fundos de investimento na transação de atletas.

A mudança deve ter um impacto nos clubes brasileiros que contam com jogadores ligados a fundos de investimentos, como o DIS, que ajudou o São Paulo a tirar Ganso do Santos, e a Traffic, que já teve o Palmeiras como parceiro.

O São Paulo, por exemplo, tem só 32% dos direitos de Ganso. Ou seja, em caso de uma transferência de R$ 10 milhões para o exterior, o clube ficaria com R$ 3,2 milhões, e o DIS, com o restante do valor.

Defensor dessa regulamentação, o presidente da Uefa, Michel Platini, tem sido pressionado pelos clubes da Premier League (liga inglesa), que protestam contra os pagamentos fatiados a grupos de investimentos donos de passe de atletas.

Como o uso de investidores terceiros (que não sejam donos de clubes) é proibido na Inglaterra, os gigantes da Premier League precisam adquirir a íntegra dos jogadores quando os compram de outros mercados e têm de fatiar o pagamento entre vendedores.

Além de Espanha e Portugal, países do leste europeu e da América do Sul são os que mais utilizam recursos desses grupos de investimento para negociar jogadores. O dinheiro colocado nos direitos econômicos dos atletas já estaria em torno de 1 bilhão de euros (R$ 3 bilhões).

Segundo a mídia britânica, o português Jorge Mendes, apontado como o agente mais poderoso na Europa, estaria usando empresas em paraíso fiscal para comprar jogadores de Espanha e Portugal, entres eles o argentino Dí Maria, que trocou o Real Madrid pelo Manchester United nesta temporada, e o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa, recém-transferido do Atlético de Madri para o Chelsea.

A questão é que dirigentes da Conmebol argumentam que a estrutura econômica de clubes sul-americano é muito inferior à dos ingleses, alguns deles, como Manchester City e Chelsea, com um único e bilionário dono.

Ou seja, grupos de investimentos seriam fundamentais para manter jogadores no Brasil ou em qualquer outro país neste contexto, alegam.

OS FUNDOS DE INVESTIMENTO

Traffic, DIS, Doyen, Energy Sport, LA Sports.

O futebol brasileiro foi inundado na última década por empresas e fundos de investimento que compram participações dos direitos econômicos dos jogadores. O mecanismo é, em tese, bastante simples. Se um time deseja um atleta, mas não tem dinheiro suficiente para contratá-lo, pede ajuda ao parceiro.

A contrapartida é que essa empresa ou fundo passa a ter o direito de ficar com o percentual de uma futura transferência do jogador.


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