Folha de S. Paulo


Renovação forçada faz CBF diminuir média de idade dos árbitros na Série A

A média de idade dos árbitros que trabalham na Série A do Campeonato Brasileiro caiu quase três anos de 2013 para 2014, de 37,2 no ano passado para 34,8 este ano.

A renovação acontece em meio a reclamações de dirigentes, jogadores, técnicos e até do presidente da CBF, José Maria Marin, de que a qualidade da arbitragem no Brasil não está boa.

Para o chefe da comissão de árbitros da CBF, Sérgio Corrêa da Silva, não há relação de falhas apontadas em alguns jogos com a pouca experiência de boa parte dos juízes que estão apitando na primeira divisão.

Pelo menos 12 novatos foram lançados este ano na Série A.

"O árbitro precisa ser testado, estamos em processo de renovação. Mas ninguém cai de paraquedas na Série A, ele tem experiência nas outras divisões, Série B, C e D. Ele tem talento para estar ali", disse à Folha Corrêa.

A diminuição de idade dos integrantes do quadro da Renaf (Relação Nacional de Árbitros de Futebol) está sendo feita por dois motivos: primeiro porque a Fifa orienta a renovação, para que árbitros mais jovens possam acompanhar a evolução física do futebol –a média de idade hoje de um juiz com carreira internacional é de 40 anos e a intenção é que diminua ao menos dois anos.

O segundo motivo são problemas que tiraram de ação no Brasil árbitros mais experientes, que fazem parte do quadro da Fifa (ou seja, estão aptos a trabalhar em partidas internacionais da entidade que comanda o futebol no mundo).

Do total de dez juízes da elite, cinco desfalcaram a Renaf por motivos distintos. Dois deles, os paulistas Paulo César de Oliveira e Wilson Luiz Seneme, se aposentaram ainda no primeiro semestre e serão repostos só para 2015.

Outro, Heber Roberto Lopes, paranaense que apita por Santa Catarina, ficou mais de um mês parado, entre agosto e setembro, porque precisou refazer um teste físico.

O goiano Wilton Pereira Sampaio foi suspenso pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por 90 dias por não ter relatado na súmula as ofensas racistas sofridas pelo goleiro Aranha, em jogo do Santos contra o Grêmio, em 28 de agosto. Sampaio ficou 15 dias afastado, mas agora conseguiu um efeito suspensivo e pode trabalhar –nesta quinta (25) comanda Palmeiras x Vitória, no Pacaembu.

E, agora, Sandro Meira Ricci, mineiro que apita por Pernambuco e que foi o árbitro brasileiro na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, pediu descanso à comissão de arbitragem da CBF.

"Ele [Ricci] teve uma preparação de dois, três anos para a Copa muito intensa. Por isso solicitou essa parada e aceitamos", disse Corrêa.

O chefe dos árbitros acha que árbitros com mais de 45 anos poderiam continuar trabalhando. Ele até diz que a experiência é um trunfo para a arbitragem, apesar da idade limite imposta pela Fifa, que obriga a aposentadoria após essa idade.

Mas Corrêa admite que, hoje, a exigência física é muito superior do que anos atrás.

"Temos que preparar uma nova geração, os árbitros estão ficando velhos e hoje a exigência física é elevadíssima. E temos que preparar árbitros para 2018 e 2002 [Copas da Rússia e do Qatar], por isso precisamos diminuir a idade. Nos anos 70, se corria 4 km [por jogo]. Hoje são 12 km e até 2020 serão 16 km", disse Corrêa.

Nas últimas sete rodadas, a comissão de arbitragem escalou, em média, quatro árbitros das categorias CBF-1 e CBF-2 para jogos da Série A.

No ranking da entidade, seriam os quarto e quinto grupos de árbitros mais bem qualificados para comandar esses jogos, já que os mais experientes são os Fifa, os Aspirantes a Fifa, que podem chegar à elite em breve, e os Especiais, que são aqueles que já deixaram o quadro Fifa ou retornaram após algum tempo afastados.

"Não acho que erros podem ser atribuídos à inexperiência ou juventude dos árbitros. Em 2005, o Márcio Rezende [de Freitas] errou em jogo [Corinthians x Inter, partida decisiva do Brasileiro), e ele era experiente. É preciso a renovação porque o teste físico da Fifa está forte, árbitros de 40, 42 anos têm dificuldade para passar", disse Marco Antônio Martins, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol).

Em nota, a Fifa informou que preza pela qualidade, e não quantidade dos árbitros. E que é importante que o árbitro, além da questão física e técnica, tenha um entendimento do jogo e dos times ou seleções que estarão em campo no jogo em que trabalhar.


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