Folha de S. Paulo


Americana é candidata a sensação da Rio-2016 após bater recordes mundiais

Uma vez ou outra, Mary Gen Ledecky revê o vídeo em que está registrada a primeira competição oficial de sua filha, em um torneio recreativo na região de Washington.

As imagens revelam que a menina, então com seis anos, se apoia na raia durante a prova para arrumar os óculos, que teimam em escapar.

Mary Gen, ela própria uma ex-nadadora da Universidade do Novo México, acha tudo aquilo fabuloso. Jamais imaginaria que tal desastrada aventura seria o primeiro passo para formar a principal nadadora da atualidade.

Kathleen Genevieve, ou simplesmente Katie Ledecky, despontou com uma inesperada medalha de ouro nos 800 m nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, com 15 anos, e desde então se estabeleceu como um fenômeno do esporte internacional.

Na sequência ao triunfo olímpico, obteve quatro títulos no Mundial de Barcelona, em 2013, e outros cinco no Pampacífico de Gold Coast, na Austrália, em agosto.

Em disputas internacionais adultas, soma dez ouros; jamais foi prata ou bronze.

A chuva de pódios foi permeada com sete quebras de recordes mundiais nos 200 m, 400 m, 800 m, 1.500 m e o revezamento 4 x 200 m livre. Derrubou marcas da era dos trajes tecnológicos na natação, que conferia aos nadadores maior flutuação.

Patrick Hamilton/AFP
Katie Ledecky após vencer os 400 m livre no Pampacífico em agosto
Katie Ledecky após vencer os 400 m livre no Pampacífico em agosto

Cinco das marcas acabaram batidas em um intervalo de dois meses, entre junho e agosto desta temporada.

Seu primado nos 1.500 m livre (15min28s36), prova que não está no programa olímpico, seria suficiente para lhe render o ouro no Troféu Maria Lenk, o maior campeonato brasileiro, deste ano. Detalhe: na disputa masculina.

"Sabia que, após Londres, eu poderia me tornar mais competitiva nas outras provas [além dos 800 m]", disse Katie por telefone à Folha.

De fato. O domínio que exerce com apenas 17 anos lhe rendeu prêmios como o de melhor nadadora do mundo em 2013 e a projeta como potencial sensação para os Jogos do Rio-2016.

Ainda que exagere na cautela, Katie deixa escapar os planos para a competição na capital fluminense.

"Em 2016, terei mais confiança e saberei o que devo encontrar. Acho que estarei ainda melhor do que hoje", diz. "Se me classificar, será empolgante ir ao Rio. Mas ainda não penso em quantas medalhas posso ganhar."

Katie acorda às 4h15 para chegar ao treino às 5h. Após duas horas de prática, torna-se aluna em sala de aula. Estuda até o meio da tarde, quando volta a treinar.

Sua meta é cursar história ou relações internacionais na Universidade Stanford, com a qual já se comprometeu (como ainda compete como atleta amadora, ela não pode receber recursos financeiros).

Antes disso, pretende fincar seu nome na história da natação. "Quero melhorar meus tempos, não importa a competição", afirma a garota.

Editoria de arte/Folhapress

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