Folha de S. Paulo


Aranha critica explicações de torcedora, mas diz aceitar encontro

O goleiro Aranha, do Santos, criticou as explicações dadas pela torcedora gremista Patrícia Moreira da Silva que o chamou de "macaco" durante o jogo contra o Grêmio, realizado há 21 dias. No entanto, o santista diz que aceitaria encontrá-la para uma conversa.

"Eu toparia encontrá-la, mas ela vai ter que responder pelo que fez. Ela está tentando se explicar e está piorando a situação. Tentou chorar e não conseguiu", disse Aranha após o empate do Santos contra o Grêmio por 0 a 0, nesta quinta-feira (18), pelo Campeonato Brasileiro.

O jogo marcou a volta do goleiro à Arena do Grêmio, onde foi vítima de injúrias raciais no dia 28 de agosto, em jogo válido pela Copa do Brasil. Depois da partida, Patrícia foi flagrada pela "ESPN Brasil" xingando o santista de "macaco" e teve que prestar depoimento na Polícia Civil, que investiga o caso. O Grêmio acabou sendo punido pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e foi excluído da Copa do Brasil.

"Não quero me promover [com essa situação]. Vou abraçar, mas não quero aquela cena toda. Não quero levar vantagem nenhuma. Não quero aparecer por isso. Quero aparecer pelo futebol", acrescentou.

Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio FBPA
Arouca (esq.) disputa bola com o Pará
Arouca (esq.) disputa bola com o Pará

Aranha foi vaiado e xingado pelos gremistas antes mesmo do jogo começar, quando foi ao gramado da arena para fazer aquecimento com os demais jogadores do Santos. Não foram ouvidos, porém, insultos racistas.

Durante a partida, fez boas defesas e salvou o Santos de uma derrota. O Grêmio teve pelo menos três boas chances para abrir o placar, com Dudu e Lucas Coelho, mas parou no goleiro santista.

Para a partida desta quinta-feira (18), o Grêmio contratou cinegrafistas para filmar os torcedores que vão ao estádio e vai espalhar dirigentes como "olheiros" pelo estádio. A direção do clube informou ainda que os cinegrafistas contratados vão registrar com 20 câmeras o comportamento dos torcedores das arquibancadas populares, para evitar novos atos racistas.

Enquanto Aranha aquecia e era hostilizado pelos torcedores, a banda da Polícia Militar do Rio Grande do Sul executava músicas de Lupicínio Rodrigues, compositor negro, autor do hino do Grêmio. O músico, que morreu em 1974, completaria 100 anos se estive vivo em 2014.

Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio FBPA
Banda da Polícia Militar do Rio Grande do Sul toca músicas de Lupicínio Rodrigues antes do jogo contra o Santos
Banda da Polícia Militar do Rio Grande do Sul toca músicas de Lupicínio Rodrigues antes do jogo contra o Santos

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