Folha de S. Paulo


Crise na Ucrânia deve abalar saldo de clubes do Brasil

A janela europeia de transferências de jogadores fecha nesta segunda (1º) com grandes chances de registrar um saldo negativo para os clubes brasileiros em relação aos anos anteriores. A crise na Ucrânia, país que mais compra atletas do Brasil desde 2011, é fator preponderante.

Até ontem –data final da janela ucraniana–, nenhum jogador dos clubes de elite foi negociado para o futebol do país do Leste Europeu. Este saldo é inédito, se comparado às temporadas passadas.

De janeiro de 2011 a junho de 2014, a Ucrânia foi o país que mais gastou com atletas do Brasil: fez 38 transferências, aportando US$ 151 milhões (R$ 338 milhões) no país.

Os dados são de levantamento que o advogado especialista em direito desportivo e em transferências internacionais, Eduardo Carlezzo, fez a pedido da Folha.

De acordo com o estudo, o investimento da Ucrânia em jogadores de clubes brasileiros superou os aportes de países com mais tradição no futebol, como Itália e Espanha. Só em 2013 a Ucrânia praticamente igualou o investimento dos clubes italianos no Brasil.

"Nos últimos anos a Ucrânia se notabilizou por ser um dos novos e principais destinos de jogadores brasileiros. O Dínamo de Kiev foi o primeiro a estabelecer uma rota fixa com o Brasil. Na sequência, vieram os pesados investimentos do Shakhtar Donetsk", relata Carlezzo.

O Shakhtar pagou R$ 77 milhões para tirar Bernard do Atlético-MG e outros R$ 26 milhões para comprar Wellington Nem do Fluminense.

"Chega a ser assustador imaginar que em 2013 os clubes ucranianos gastaram US$ 106 milhões na aquisição de atletas provenientes de clubes brasileiros e neste ano praticamente não vimos transações", acrescenta Carlezzo.

A crise na Ucrânia até gerou uma inversão de posições. Nesta janela de transferências, são os clubes brasileiros que estão exercendo o papel de compradores.

O Grêmio efetivou a compra de Giuliano, que estava no Dnipro, e de Dudu, antes no Dínamo de Kiev. O Metalist também vendeu Willian para o Cruzeiro e Cristaldo para o Palmeiras.

Editoria de Arte/Folhapress

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