Folha de S. Paulo


A 2 anos dos Jogos Olímpicos no Rio, custos do comitê seguem incertos

Dos 15 projetos esportivos ainda sem custo definido na Matriz de Responsabilidades dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, documento que lista o preço das instalações esportivas e o responsável por cada uma, oito são classificados com a genérica expressão "instalações complementares".

Sem estimativa de gasto, origem de recursos ou responsável por executar as obras, eles são a principal incógnita da organização dos Jogos de 2016, que, na próxima terça (5), estarão a dois anos do início.

Os gastos, classificados como "esportivos" e "não esportivos", referem-se a obras e serviços de responsabilidade do comitê organizador no dossiê de candidatura de 2009.

Eles serão assumidos pelos governos após a decisão de não transferir dinheiro público para a entidade –o equivalente a R$ 1,8 bilhão, em valor atualizado.

Não há, contudo, divulgação sobre quais serviços serão transferidos, nem quanto aos custos e tampouco aos responsáveis por sua execução. A indefinição inclui até arenas esportivas, como a de vôlei de praia, que será montada em Copacabana.

O comitê organizador dos Jogos espera arrecadar R$ 7 bilhões com patrocínios, licenciamento e venda de ingressos, entre outras receitas.

O valor não atinge os gastos de R$ 7,3 bilhões (em valor corrigido) que estavam sob responsabilidade do comitê no dossiê de candidatura.

Além disso, o gasto do comitê deve ser maior do que o estimado há cinco anos, em razão do custo mais alto de equipamentos tecnológicos, por exemplo. Dessa forma, o deficit deve superar a diferença de R$ 300 milhões.

Segundo a Folha apurou, a estimativa é de que R$ 950 milhões de gastos ainda estão descobertos.

"As instalações complementares ficam para o final. Não se pode colocar uma instalação complementar de triatlo ou vôlei de praia em Copacabana", disse o presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou esperar que não seja necessário assumir mais responsabilidades. Para isso, o comitê deve ampliar a receita estimada ou reduzir o gasto previsto.

A mudança de local da Vila de Mídia e Árbitros, da região portuária para Curicica (zona oeste), sugerida por Paes, é uma tentativa de reduzir custos do comitê.

A mudança geraria economia de até R$ 100 milhões.

De acordo com o diretor comercial do comitê organizador, Renato Ciuchini, a arrecadação prevista segue sendo de R$ 7 bilhões. "Não é um número fácil, mas os patrocínios estão bem mapeados".

NA COPA

Para a realização da Copa, os governos das sedes do torneio assumiram uma conta que originalmente seria do Comitê Organizador Local, órgão subsidiário da Fifa no Brasil.

Os gastos, de até R$ 870 milhões, se referiam ao aluguel e à compra das estruturas provisórias do entorno dos estádios do Mundial. Esse custo era inicialmente do COL –previsto em contrato de 2007–, mas foi empurrado ao poder público por meio de contratos aditivos datados de 2009, dois anos após a escolha do Brasil como sede.


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