Folha de S. Paulo


Velejadoras treinam tática cata-lixo em teste olímpico no Rio

Reprodução/Twitter/@vsail
Imagem de lixo boiando na Baía de Guanabara, palco das provas de vela da Rio-2016
Imagem de lixo boiando na Baía de Guanabara, palco das provas de vela da Rio-2016

Líderes do ranking mundial de vela na classe 49er FX, as brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze fizeram um treino atípico na Baía de Guanabara, onde o objetivo foi recolher o lixo preso ao barco sem perder tanta velocidade.

A dupla está entre os 320 atletas de 34 países que participam entre este sábado (2), quando acontece a inspeção dos barcos, e o dia 9 do evento-teste para os Jogos do Rio, na Marina da Glória.

"Começamos a treinar a retirada de lixo ao perceber que vamos enfrentar este tipo de situação na regata. Vimos outros atletas lidando com o mesmo problema no treino de hoje", disse Kahena à Folha, na última quinta-feira.

Na ocasião, as velejadoras seguiram em direção à raia demarcada pela organização do torneio nas proximidades da ponte Rio-Niterói, dentro da Baía de Guanabara.

Editoria de arte/Folhapress

"Estava bem sujo por lá. Por várias vezes, o lixo ficou preso ao nosso barco", disse Martine, filha do campeão olímpico e atual técnico da seleção de vela, Torben Grael.

Quase sempre, o problema era causado por sacos plásticos que acabavam atrelados ao leme ou à bolina da embarcação –componente que auxilia na estabilidade.

"Para tirar o lixo, a Kahena assume os comandos enquanto eu vou para trás e tiro com a mão o que estiver preso ao leme", explicou Martine. "Mas, mesmo sem parar o barco, perdemos muito tempo em relação à dupla que estava à nossa frente."

Quando o material ficava preso à bolina (peça submersa, no centro da embarcação), o procedimento adotado pela dupla era parar e voltar com o barco. "Se pega na bolina, o lixo só sai se parar e dar ré", disse Martine.

Promovida pelo comitê organizador da Rio-2016, a Regata Internacional de Vela é uma prévia para os Jogos Olímpicos. As provas serão disputadas em cinco raias, dentro e fora da Baía de Guanabara, no mesmo perímetro demarcado para a torneio.

Com 30 atletas selecionados, o time brasileiro conta com Robert Scheidt (cinco medalhas olímpicas), Bruno Prada (duas medalhas) e Fernanda Oliveira (bronze em Pequim na classe 470).

Nos últimos dias, os estrangeiros inscritos nas dez categorias olímpicas da modalidade têm circulado pela Marina da Glória, que abriga boa parte dos barcos inscritos na competição. Entre os favoritos estão campeões olímpicos dos Jogos de Londres-2012, como o sueco Max Salminen (ouro na classe Star), a espanhola Marina Alabau (ouro na classe RS:X) e o australiano Matthew Belcher (ouro na classe 470).

Este último demonstrou seu espanto diante da situação das águas da Baía de Guanabara. Belcher afirmou ter encontrado, além de muito lixo, um cachorro morto durante o primeiro treino de reconhecimento, na segunda-feira.

Em nota, o comitê Rio 2016 disse à Folha que a solução para a poluição na Baía de Guanabara "depende de ações do governo, que estão acontecendo, e da conscientização das pessoas que jogam lixos em rios afluentes". Afirmou ainda que a limpeza da baía "tende a ser um dos grandes legados dos Jogos."

Reprodução/Twitter/@vsail
No início do ano, Martine Grael postou foto com monitor de TV encontrado na baía
Em janeiro, Martine Grael publicou em rede social uma foto com monitor de TV encontrado na baía

Endereço da página:

Links no texto: