Folha de S. Paulo


Poluição e falta de lazer são rivais do time de Love e Aloísio na China

Zhu Zheng - 2.abr.2014/Xinhua
Vagner Love, do Shandong Luneng, da China, chuta a gol em jogo da Copa da Ásia
Vagner Love, do Shandong Luneng, da China, chuta a gol em jogo da Copa da Ásia

Com humor negro, torcedores do Shandong Luneng dizem que a cor laranja do uniforme do time é para facilitar a visão dos jogadores no meio da poluição.

Uma névoa densa cobria o Estádio Olímpico de Jinan quando foi dado o pontapé inicial da partida entre o Shandong Luneng e o Hangzhou Greentown, no último sábado.

Naquele momento, Jinan estava em primeiro lugar no ranking das cidades mais poluídas da China, com um índice dez vezes superior ao máximo recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

A poluição não deteve o time laranja. Comandado por Vagner Love, que marcou um golaço (o outro foi do ex-são-paulino Aloísio), o Shandong venceu por 2 a 0.

Para a legião de brasileiros que desembarcou em Jinan, entre jogadores, preparadores e suas famílias, o único incentivo é o alto salário. A poluição nem é considerada o maior problema. O pior é a falta do que fazer.

"Não tem nada. Parece que caiu uma bomba", exagera o argentino Montillo, que no quadro de apresentação dos jogadores na sala de troféus do time aparece erradamente como "brasileiro".

Atraídos por polpudos salários, que multiplicaram por 4 ou 5 o que ganhavam no Brasil, jogadores e preparadores se mudaram de vez já com contrato assinado, sem saber para onde estavam se mudando.

Alguns vieram com a informação de que Jinan é uma cidade pequena. Ao chegarem descobriram que na China uma cidade com 6 milhões de habitantes é considerada pequena. O ritmo chinês impressionou.

"É a primeira vez que vejo uma cidade com mais prédios em construção do que já construídos", disse Maiara, 25, filha de Cuca.

A maioria chegou sem informações. "Se tivessem perguntado eu teria dito a verdade", diz Vagner Love, que chegou a Jinan no ano passado. "Aqui não tem muita coisa para fazer".

Há poucos restaurantes estrangeiros. A maioria trouxe um estoque de feijão e outros produtos brasileiros na mala. A vida noturna se resume a um bar e uma discoteca. Restam as sessões de carteado e as idas ao shopping, lazer número um dos brasileiros em Jinan.

"Já que não tem nada para fazer, a gente gasta", diz Dona Nilde, mãe do Cuca.

Marcelo Ninio/Folhapress
TV com a programação do dia em mandarim e português
TV com a programação do dia em mandarim e português

Endereço da página: