Folha de S. Paulo


Recém-promovido, jovem do Corinthians se inspira em Emerson

Com o uniforme de treino do Corinthians, chinelos e um sorriso tímido, Malcom, que acabou de completar 17 anos, encarou os jornalistas pela primeira vez como jogador profissional.

Na manhã de segunda-feira, o jovem atacante, revelado nas categorias de base do clube, falou sobre escola, ídolos, assédio e sobre a vida na equipe principal do time alvinegro.

Um dos destaques do Corinthians na Copinha, Malcom preferiu a informalidade à imponência da sala de imprensa e concedeu entrevista em uma das tendas do centro de treinamento Joaquim Grava. Intimidado com a presença das câmeras, ele pareceu bem mais à vontade diante apenas de gravadores, microfones e blocos de anotações.

O atacante conta que foi bem recebido pelo grupo desde sua chegada ao profissional. Pensou que ficaria "encostado", mas se surpreendeu. Os companheiros o acolheram e, de quebra, ganhou oportunidade do técnico Mano Menezes em dois jogos -contra o Bahia de Feira, na Copa do Brasil, e contra o Atlético Sorocaba, no Campeonato Paulista.

Apesar do "frio na barriga" na estreia, Malcom diz ter sido tranquilizado pelo apoio e pela confiança que os "mais experientes" lhe transmitiram. Entre eles, inclusive, está um de seus ídolos no futebol: o atacante Emerson.

"Emerson?", espantou-se um repórter. "É. Não fora do campo, dentro", explicou o garoto, arrancando risadas dos jornalistas. Justo nesta segunda, o veterano, famoso pelos atrasos, faltou no treino.

Ao se dar conta da reação da imprensa, Malcom tratou de consertar. "É que eu não o conheço fora de campo. Por isso não posso falar. Mas ele é rápido e parte para cima, como o Neymar [seu outro ídolo]."

Promovido à categoria profissional há menos de dois meses, o jovem já percebe mudanças (boas e ruins) em sua vida. Ficou mais difícil acompanhar os estudos -ele está no segundo ano do Ensino Médio-; as faltas aumentaram e, vez ou outra, pede à mãe ou à avó para fazerem os trabalhos escolares, porque não sobra tempo.

As peladas com os amigos, agora, só no videogame. Temendo se machucar e comprometer sua evolução no Corinthians, o atacante achou prudente parar de jogar bola no tempo livre. "Eu me proibi. Vai que acontece alguma coisa, melhor prevenir."

Por outro lado, meninas que nunca haviam falado com ele na escola hoje se aproximam para puxar conversa. "Tem que ficar ligeiro", alerta Malcom, que namora há dois anos e garante ser fiel.


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