Folha de S. Paulo


CBV contrata auditoria externa e suspende contrato após denúncia

A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) vai contratar uma auditoria externa para avaliar contratos de terceirização de serviços assinados pela entidade na gestão anterior.

A decisão ocorre após denúncias feitas pela ESPN Brasil, revelando que empresas de dirigentes da própria CBV e da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), hoje presidida pelo brasileiro Ary Graça Filho, receberam R$ 10 milhões cada uma delas para prestação de serviços –ou seja, comissões– em cima de contrato negociado diretamente com o Banco do Brasil.

Segundo a entidade, ambos contratos estão suspensos. Um preventivamente e outro desde encerrado no ano passado.

No primeiro caso, a empresa SMP, do ex-superintendente geral da CBV, Marcos Pina, recebeu os R$ 10 milhões para intermediar contratos de patrocínio da entidade. Entre eles, o do principal patrocinador do vôlei, o Banco do Brasil. O banco e a CBV dizem que o contrato foi assinado diretamente entre as partes, sem intermediários.

O acordo da CBV com o Banco do Brasil vai até 30 de abril de 2017 e prevê confidencialidade em relação ao valor do patrocínio. Por meio de sua assessoria de imprensa, o banco diz que não sabia da intermediação, "solicitou explicações à CBV e aguarda a resposta da entidade". O primeiro contrato entre as parte é de 1991 e o atual foi assinado em 2012.

Em entrevista à TV Globo, Marcos Pina afirmou que o contrato da SMP com a CBV foi assinado em 2012, quando ele não era funcionário da entidade. Ele disse ainda que o contrato é lícito, foi avaliado por auditoria externa, aprovado e consta no balanço da CBV.

Já a segunda denúncia da ESPN diz que a empresa S4G Gestão de Negócios, de Fábio Dias Azevedo, atual diretor geral da FIVB, recebeu os R$ 10 milhões por dois contratos de prestação de serviços e assessoria comercial. A empresa, porém, teria sido aberta três dias antes da assinatura dos contratos. Azevedo também trabalhou na CBV na gestão de Ary Graça Filho.

De acordo com a entidade, a auditoria, que complementará processo de revisão interna já iniciado pela instituição, irá incluir a apuração de denúncias publicadas pela ESPN.

"O objetivo é ter um diagnóstico preciso do impacto desses contratos para a instituição. E, a partir dos resultados da auditoria, definir as medidas que serão adotadas. A escolha da empresa de auditoria deverá ser definida nos próximos dias", diz nota da CBV.

A CBV diz ainda que "todos os contratos mencionados nas denúncias tiveram seus pagamentos suspensos preventivamente ou já foram cancelados".

O contrato com a S4G Gestão de Negócios, de acordo com a CBV, "foi rescindido no ano passado". Já "o contrato com a SMP, que previa serviços de assessoramento e planejamento, foi suspenso preventivamente para permitir a realização do processo de auditoria", respondeu a assessoria de imprensa da entidade à Folha.

O ex-superintendente-geral, Marcos Pina, foi afastado do cargo. Ele havia assumido a posição de chefia na entidade em setembro passado, mas já trabalhara na confederação entre 1997 e 2000. Em seu lugar está Neuri Barbieri, presidente da Federação Paranaense de Vôlei.

"Iremos realizar uma revisão completa de todos os contratos de terceirização de serviços para tomar as providências necessárias caso problemas sejam detectados", afirma Barbieri, novo superintendente-geral da CBV, no comunicado da entidade.

Alexandre Arruda/CBV
Fábio Azevedo (ao fundo) e Ary Graça Filho em evento da CBV
Fábio Azevedo (ao fundo) e Ary Graça Filho em evento da CBV

Ary Graça Filho assumiu a presidência da FIVB no início de 2013. Estava desde 1997 à frente da CBV, como sucessor de Carlos Arthur Nuzman, hoje presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Depois da saída de Ary Graça Filho, Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido como Toroca, vice da CBV há cerca de 30 anos e também presidente da Federação Alagoana de vôlei, assumiu a presidência da CBV.

No início deste ano, entretanto, aconteceram grandes mudanças na gestão da CBV.

Radamés Lattari, técnico da seleção masculina na Olimpíada de Sydney, em 2000, passou a ser o novo diretor de eventos. A nova equipe de gestão ainda conta com Paulo Márcio (para cuidar das seleções), Marcelo Wrangler (vôlei de praia), Renato D'Avila (competições nacionais) e Carlos Luiz Martins (relações externas).

A CBV também mudou a composição do Comitê Gestor da Superliga no início de 2014. Os ex-jogadores Renan dal Zotto e Leila Gomes passaram a trabalhar com Luiz Eymard e Renato D'Avila. Eles estavam sob o comando de Marcos Pina.

Divulgação/CBV
Marcos Pina (à esq.) com companheiro de vôlei de praia Elito
Marcos Pina (à esq.) com companheiro de vôlei de praia Elito

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