Folha de S. Paulo


Com poucas imagens da invasão ao CT, polícia diz que investigará Corinthians

A escassez de imagens da invasão do centro de treinamento do Corinthians atrapalha a investigação da Polícia Civil. Dos cerca de cem invasores, apenas cinco foram identificados e tiveram mandados de prisões expedidos.

A Operação Hooligans, deflagrada ontem, prendeu 13 integrantes de torcidas organizadas do clube. Horas depois, dez foram liberados.

A operação foi feita nas quadras das três principais torcidas organizadas do clube (Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Pavilhão 9) para prender os torcedores envolvidos na invasão ao CT.

Contou com 90 policiais e 11 delegados, que esperaram as chegadas dos ônibus que traziam os torcedores de São José do Rio Preto, onde o Corinthians havia derrotado o Oeste por 2 a 1.

FALHA PONTUAL

A Folha apurou que a ausência de imagens irritou o comando da investigação.

De acordo com o clube, das 22 câmeras de segurança no CT, 20 falharam, ou seja, não guardam registros.

"Dizem que o equipamento apresentou falha bem no momento da invasão. Pontualmente no horário", disse a delegada responsável pelo caso, Margarette Barreto.

Ela reconheceu que a escassez de imagens atrapalha bastante as investigações.

A invasão aconteceu no último dia 1º. O atacante Guerrero foi um dos agredidos pelas organizadas. Funcionários foram ameaçados, e celulares, roubados.

As imagens entregues à polícia pelo presidente Mario Gobbi não mostram nada disso. "Exibem somente a invasão ao local. Nada mais do que isso", afirma Elisabete Sato, diretora do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa).

A estranheza com as poucas imagens é tão grande que Margarette falou abertamente em investigar se houve "omissão intencional das imagens". Inclusive envolvendo o Corinthians.

"Em uma casa simples, a pessoa não desliga o equipamento. Imagine em um CT, com jogadores valiosos... Deveria funcionar. As imagens não terem sido gravadas prejudicou muito", constatou.

Dos cinco torcedores com mandado de prisão, só dois haviam sido detidos até ontem: Tarcisio Baselli Diniz e Gabriel Monteiro de Campos.

Danilo dos Santos Gomes foi preso por outra razão: estava armado na sede da Camisa 12.

Entre os que ainda não foram localizados, está Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, um dos acusados, no ano passado, na Bolívia, pela morte do jovem Kevin Beltrán.

O Corinthians afirma também não saber o que aconteceu com as câmeras, que vão passar por perícia da polícia.

As câmeras foram colocadas também à disposição do Ministério Público, que faz investigação paralela.

Daniel Rodrigo/Reuters
Tiago Ferreira segura a bandeira brasileira após deixar a prisão em Oruro
Tiago Ferreira segura a bandeira brasileira após deixar a prisão em Oruro

Endereço da página: