Folha de S. Paulo


Conmebol abre investigação após racismo contra Tinga

A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) anunciou nesta sexta-feira que recebeu uma denúncia do Cruzeiro sobre os atos de racismo contra o volante Tinga e decidiu abrir uma investigação para apurar o caso.

Na última quarta-feira, torcedores do Real Garcilaso faziam gestos e sons imitando macaco todas as vezes que o jogador do Cruzeiro tocava na bola. O volante começou a partida no banco de reservas e entrou em campo aos 20 min do segundo tempo.

"Perante esta suposta comissão de infração disciplinar, a Unidade Disciplinar, em aplicação do Artigo 72 do Regulamento Disciplinar da Conmebol, decidiu iniciar uma investigação prévia que pode concluir com a abertura de um expediente disciplinar ao clube peruano".

A clareza dos atos racistas nas imagens e nos áudios torna a punição iminente, mas provavelmente não resultará em perda de ponto ou exclusão do time peruano da Libertadores, como chega a prever o estatuto da Conmebol.

A Folha apurou que a orientação do Comitê Disciplinar da Fifa, que serve de base para as confederações, em casos de racismo envolvendo torcedores é o de, na primeira vez, punir o clube com multa e obrigá-lo atuar com portões fechados.

Apenas na reincidência o clube é punido mais severamente, com perda de pontos, rebaixamento e até eliminação da competição.

Cinco casos de racismo julgados por Fifa e pela Uefa (União Europeia de Futebol), em 2013, semelhantes ao de Tinga, resultaram em jogos com portões fechados.

No ano passado, o combate ao racismo foi considerado prioridade para a Fifa, que criou um código com as possíveis punições.

INEDITISMO

Esta será a primeira vez que o Tribunal Disciplinar da Conmebol, criado em 2012, julgará um caso de racismo, por isso não há jurisprudência no continente em relação a fatos como esse.

O tribunal é presidido por um brasileiro, o advogado Caio César Vieira Rocha, que também é o vice-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Por ser brasileiro, Rocha não participará do julgamento que envolve o Cruzeiro.

O primeiro caso de repercussão do tribunal, no ano passado, foi a morte do boliviano Kevin Espada, atingido por um sinalizador lançado por torcedores corintianos em um jogo ante o San Jose.

O Corinthians foi obrigado a jogar com portões fechados toda a Libertadores. Depois, os torcedores do time foram proibidos em jogos que não tinham o mando de campo do clube paulistano.


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