Folha de S. Paulo


'Gringos' e estreantes lideram Brasil na Olimpíada de Inverno

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

Os atletas que representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi (pronuncia-se "Sótchi"), na Rússia, têm algumas dificuldades a mais do que os adversários que irão enfrentar.

Uns têm a neve ou o gelo como rivais. Outros, a língua portuguesa como obstáculo.

Dos 13 atletas –recorde do país em uma edição dos Jogos–, cinco conheceram as modalidades em que vão competir há cerca de um ano. Outros sete nasceram ou vivem atualmente fora do país.

No bobsled, só os pilotos Edson Bindilatti e Fabiana Santos praticavam o esporte antes de 2013. Ele mora em São Bernardo (SP) e esteve nos Jogos de 2002 e 2006. Ela descobriu a modalidade em 2003 e hoje vive no Canadá.

Edson Martins, Fábio Silva, Odirlei Pessoni e Sally Mayara, os outros brasileiros no trenó, praticavam atletismo e entraram no time por meio de seletiva realizada pela CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo).

Outra caloura é Josi Santos. Ex-ginasta, foi convidada pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve para conhecer o esqui aéreo ao lado de Lais Souza, também da ginástica, em 2013.

Em junho, elas passaram a treinar a nova modalidade e depois conseguiram vaga nos Jogos, que ficou com Josi após o grave acidente de Lais.

Para descobrir e treinar estes novos atletas, as confederações de neve e gelo receberam, no ano passado, cerca de R$ 1,5 milhão cada uma da Lei Piva, em repasse do Comitê Olímpico Brasileiro.

O Brasil terá "estrangeiros" na delegação. Nascida fora do país, apenas Isadora Williams, da patinação artística.

Filha de uma mineira com um norte-americano, ela nasceu em Atlanta, nos EUA, visitou o Brasil poucas vezes e ainda patina no português.

Os brasileiros do esqui alpino têm a mesma dificuldade. Maya Harrisson nasceu no Rio, mas foi para a Suíça bebê. Jhonatan Longhi, paulista de Americana, foi com três para a Itália. Todos dificilmente entrariam nas seleções dos países onde vivem.

E mesmo quem cresceu no Brasil –como Leandro Ribela, Isabel Clark e Jaqueline Mourão– hoje passa mais tempo no Chile, no Canadá ou onde a neve os levar.

Editoria de Arte/Folhapress
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