Folha de S. Paulo


Gobbi descarta proibir organizadas de usar símbolos do Corinthians

Apesar da invasão ao centro de treinamento no último sábado, o presidente do Corinthians afirma que a relação com as torcidas organizadas continua a mesma. Para Mario Gobbi, o diálogo com as entidades vai continuar.

Ele também não aceita proibir as torcidas de utilizarem os símbolos do clube. A possibilidade chegou a ser considerada por integrantes da diretoria.

"Eu não vou fazer o menor esforço e não tenho vontade de fazer isso. É algo que o Cruzeiro fez e é polêmico. Daria-me imensa tristeza [tomar essa atitude]. Faz parte da tradição do Corinthians e acho que não cabe isso", analisou o mandatário.

Ele considera possível a iniciativa apenas se tiver a chancela do Conselho Deliberativo. Mas o Executivo corintiano e o presidente não vão apresentar tal proposta.

Exaltado em alguns momentos, o cartola não gostou de ser lembrado da presença de um dos "presos de Oruro" na invasão ao CT. De acordo com a Polícia Militar, Tiago Aurélio dos Santos Ferreira foi um dos invasores. Ele ficou cerca de cinco meses preso, acusado da morte do boliviano Kevin Beltrán, durante partida contra o San José, pela Libertadores do ano passado.

"Eu me sinto muito decepcionado. Não arrependido. Se tivesse de defendê-lo de novo, o faria. Mas estou decepcionadíssimo", completou Gobbi, que não mediu esforços para que os 12 corintianos presos –Ferreira entre eles– fossem liberados pela Justiça boliviana.

Depois de levar, na manhã desta quarta-feira, documentos e imagens da invasão à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, o presidente foi à tarde ao Ministério Público de São Paulo. Encontrou-se com o promotor de Justiça do Consumidor, Roberto Senise. Apresentou as mesmas provas.

"Serão duas investigações separadas, mas com dados compartilhados", informou o promotor.

Não há prazo para a conclusão dos inquéritos.

A Polícia Militar, chamada minutos após a invasão, informou não ter feito nenhuma prisão porque o Corinthians não comunicou qualquer roubo ou agressão. A explicação da diretoria é que, apenas quando todos os funcionários, dirigentes e jogadores se reuniram, horas depois, tiveram noção do que havia acontecido.

"A invasão é um delito, e a polícia poderia ter tomado providências", disse Mario Gobbi, que também é delegado.

Os jogadores Paulo André, Danilo e Renato Augusto, para não serem confrontados pelos torcedores, se trancaram na casa de máquinas da piscina do CT. Sem água para beber e com um calor superior a 40º C, ficaram lá por mais de três horas.


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