Folha de S. Paulo


Paulo André admite revolta do Bom Senso e diz que greve é única medida viável

A ideia de uma greve de jogadores permanece para este início de temporada.

Um dos líderes do Bom Senso F.C., o zagueiro Paulo André, do Corinthians, admite que novas ações serão organizadas já nas próximas semanas, pedindo mudanças para o calendário do futebol brasileiro em 2015.

"É mais do que possível uma greve, não tem nada descartado. Para mim, Paulo André, é a única medida viável, mas o Bom Senso, como o próprio nome diz, vai tentar o diálogo e promover outras ações para que os responsáveis pelo futebol possam tomar atitude", afirmou.

"Lamentamos o desprezo e a falta de atenção ao futebol brasileiro, que está jogado às traças e ninguém faz nada".

Ele disse que os líderes do grupo de cercade mil atletas trabalharam intensamente em dezembro, fazendo uma análise detalhada das notas divulgadas pela CBF sobre o movimento. Dos pedidos do Bom Senso, apenas um foi atendido: a pré-temporada de 2015 será esticada em alguns dias, mas nada significativo.

Suas principais críticas são direcionadas ao comportamento da CBF.

"Não houve alteração, fomos enrolados e todos eles torcendo para que esfriassem ações e a mobilização dos atletas. Eles não têm argumentação para confrontar. É mais fácil dizer que não há comunicação conosco, que não tem um representante, do que confrontar com boas ideias, desenvolver um projeto para o futebol brasileiro", opinou.

"Se você for na Uefa, e eu sei que não é legal comparar Brasil com Europa, mas lá a prioridade é a capacitação de treinadores, porque são eles que desenvolvem os jogadores. Aqui a prioridade da CBF é vender patrocínio da seleção".

Jorge Rodrigues-24.nov.2013/Eleven/Folhapress
Os corintianos Emerson (à esquerda) e Danilo e o flamenguista Gabriel durante protesto do Bom Senso
Os corintianos Emerson (à esquerda) e Danilo e o flamenguista Gabriel durante protesto do Bom Senso

Não é só a distribuição de partidas ao longo da temporada que está na pauta do movimento de jogadores.

"O Bom Senso nasceu com as bandeiras do 'fair play' financeiro e do calendário. Mas, além do calendário ruim, porque os times pequenos jogam 15 jogos o ano todo, são 18 mil atletas que ficam desempregados a partir de abril, não existe 'fair play'. Só alguns jogadores do Paulista de Jundiaí ganharam uma ação por salários atrasados", afirmou Paulo André.

"Esse modelo atual é feito para não funcionar, porque perde ponto, rebaixa o time e o jogador que reclamou não pode entrar na cidade de novo. O futebol brasileiro tem verdadeiros boias-frias, e estamos lutando por eles", reclamou.

Rubens Cavallari - 16.mai.2013/Folhapress
O zagueiro Paulo André, do Corinthians
O zagueiro Paulo André, do Corinthians

O zagueiro corintiano ainda conta que o Bom Senso defenderá uma nova causa em 2014.

"Queremos levantar essa nova bandeira do torcedor, de preço de ingressos, condição dos estádios. Os torcedores precisam passar para nós o que precisam para que o espetáculo fique mais acessível", revelou.

"Vamos tratar sobre isso nas reuniões, responder e tentar melhorar. Não estamos aqui para salvar o mundo, mesmo sabendo que o futebol brasileiro tem dezenas de problemas. Vamos passo a passo, pelo que estudamos e conhecemos, para conquistar alguma vitória esse ano", disse Paulo André.


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