Folha de S. Paulo


Sem salário há 4 meses, 3º atleta a deixar o Rio vai para Abu Dhabi 'abater prejuízo'

O ponteiro Thiago Sens, 28, terceiro jogador a deixar o Rio de Janeiro em razão dos quatro meses de salários atrasados, decidiu jogar nos Emirados Árabes Unidos para "abater os prejuízos" causados pela equipe de vôlei carioca que era patrocinada por Eike Batista até novembro passado.

Sens era jogador do chamado RJX desde 2011, quando a a equipe foi criada com o patrocínio da OGX, empresa do grupo EBX, de Eike. Em meio à crise do grupo, a petrolífera cortou o apoio ao time. Então, a atual terceira colocada da Superliga passou a se chamar RJ Vôlei, sem o "X" nem o nome da empresa de Eike no uniforme.

"Os cinco meses que vou passar lá no Al Jazeera não vão cobrir o quanto eu ganhava por temporada aqui no Brasil. Vou para abater o prejuízo que teria, que já estou tendo, aqui", afirma o jogador, sem revelar quanto é a dívida do RJ Vôlei com ele.

Sens era um dos atletas com contrato de direito de imagem com a empresa de Eike, e não estava recebendo os pagamentos mensais desde outubro. O único salário pago foi em setembro, quando começou a Superliga. Os demais jogadores têm contrato com patrocinadores secundários, como a Furnas, e recebem em dia.

"Todos sabiam da dificuldade do clube a partir do momento que ficou sem o patrocinador. Eu consegui segurar até dezembro, quando joguei meu nome no mercado. Tinha interesse de outros países, mas a Europa está em crise. Na última sexta-feira tive a confirmação do Al Jazeera e já me despedi dos companheiros", lembra o atleta que viaja nesta terça-feira para Abu Dhabi.

O Al Jazeera é o terceiro colocado da liga local, que conta com o brasileiro Giba, no Al-Nasr, de Dubai, como um de seus destaques.

Cinara Piccolo/Divulgação/VipComm
O ponteiro Thiago Sens foi o terceiro jogador a deixar a equipe do Rio devido ao atraso de quatro meses nos salários
O ponteiro Thiago Sens foi o terceiro jogador a deixar a equipe do Rio devido ao atraso de quatro meses nos salários

Ele recebeu proposta da Itália também, para onde foi seu ex-companheiro no Rio, o levantador Bruninho. Mas, como o capitão da seleção, Sens disse que os italianos não pagariam nem sequer metade do que ele receberia no Brasil. No caso do ponteiro, menos do que vai recebeu em Abu Dhabi também.

Segundo Sens e Bruninho, outros jogadores ainda devem deixar o time do Rio neste mês, pois janeiro costuma ser o último período em que as transferências internacionais são permitidas no vôlei.

Outro problema para os atletas brasileiros é que o regulamento da Superliga não permite que um jogador troque de time após ter sido relacionado para uma única partida da temporada na competição nacional.

"Aceitei sair para não ser conivente com essa situação [de atraso de salários]", afirma Sens.

O ponteiro já defendeu a seleção de novos do Brasil, em 2006, e a equipe nacional adulta na Copa Pan-Americana e nos Jogos Mundiais Militares, ambos em 2011, com a seleção militar.

Esta será a primeira experiência de Sens no exterior. Ele jogou as últimas duas temporadas e meia pelo RJ Vôlei, pelo qual foi campeão da Superliga no primeiro semestre de 2013.

No fim de novembro, o central Maurício Souza, atleta da seleção brasileira principal, foi o primeiro a deixar o time do Rio para jogar na Turquia. Na sexta-feira, Bruninho foi o segundo a anunciar a saída, este para jogar no Modena, da Itália.

A direção do RJ Vôlei não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição.


Endereço da página:

Links no texto: