Folha de S. Paulo


Maracanã privado já rendeu R$ 15 milhões

Há mais de quatro meses "em suspenso", a concessão do Maracanã já rendeu ao menos R$ 15 milhões à gestora do estádio. O valor foi arrecadado em 48 jogos após o anúncio do governador Sérgio Cabral (PMDB) de alterações no projeto para a arena.

O Estado ainda analisa a segunda proposta da concessionária para se manter à frente da gestão da arena. A primeira foi recusada há três meses. O Ministério Público do Rio defende a realização de nova licitação.

A empresa, formada por Odebrecht, AEG e IMX, teve que apresentar novas propostas após o governador, pressionado por manifestações, desistir de demolir o parque aquático Júlio Delamare, o estádio de atletismo Célio de Barros, e a escola municipal Friedenreich.

Com as mudanças, o Estado ainda analisa se será necessário fazer nova licitação, ou se mantem a empresa na administração do estádio.

Daniel Marenco - 4.set.13/Folhapress
Torcedores do Flamengo durante jogo no Maracanã
Torcedores do Flamengo, que é o principal cliente da concessionária do Maracanã

A concessionária enviou proposta para convencê-lo de que é financeira e juridicamente possível. Para o MP, é necessária nova licitação, já que houve mudanças no total de investimento, o que altera as condições de disputa.

O consórcio Complexo Maracanã Entretenimento venceu a licitação para gestão do estádio em maio. O projeto previa investimentos de R$ 594 milhões, nos quais estavam incluídos as demolições agora canceladas. Há ainda o pagamento de aluguel de R$ 5,5 milhões por 33 anos.

Ao anunciar a desistência das demolições, Cabral afirmou: "Hoje [o futuro da concessão] está em suspenso".

A primeira proposta da empresa para manter a gestão da arena foi rejeitada em setembro. A prefeitura não aceitou ceder terreno para estacionamentos. No projeto original, eles substituiriam a área do parque aquático e do estádio de atletismo.

O Estado ainda analisa a segunda proposta, cujos termos não foram divulgados.

Enquanto isso, a concessionária lucra com as partidas no estádio. A empresa firmou contrato com os quatro grandes clubes do Rio e acabou beneficiada pelo fechamento do Engenhão, cuja cobertura está em reforma.

O principal cliente da empresa é o Flamengo, que representou uma arrecadação de R$ 9,1 milhões, cerca de 60% do total faturado a partir de agosto. Na decisão da Copa do Brasil, entre o clube e Atlético-PR, a empresa arrecadou R$ 2,5 milhões. A empresa também reduziu custos com a indefinição.

OUTRO LADO

O Estado afirmou que os investimentos foram suspensos até a decisão sobre o futuro da concessão que, segundo o governo, sairá em janeiro.

A gestora da arena disse que o contrato de concessão continua válido. Afirmou que concentrou esforços nos primeiros meses em estudos, mobiliário e ações para operar o estádio.


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