Folha de S. Paulo


Patinadora nascida nos EUA é única brasileira garantida na Olimpíada de Inverno

Maracujá, acerola e "guába" (goiaba) estão entre as frutas favoritas. Água de coco, ela prefere a de Fortaleza porque é "muito docinha". Ao experimentar purê de mandioquinha, "ficou louca" e lamentou: "Não tem nos Estados Unidos, é muito triste!"

Aos 17 anos, Isadora Williams está conhecendo melhor o país que representará na Olimpíada de Inverno, em Sochi, de 7 a 23 de fevereiro.

Nascida em Atlanta (EUA), filha de uma mineira com um americano, hoje a patinadora é a única atleta do Brasil confirmada nos Jogos russos.

Danilo Verpa-19.dez.2013/Folhapress
A patinadora Isadora Williams, 17, americana filha de brasileira
A patinadora Isadora Williams, 17, americana filha de brasileira

Antes da conversa em que disse por que se considera mais brasileira do que americana, a mãe de Isadora, Alexa, logo avisou: "Ela quer dar a entrevista em português."

A patinadora falou com a Folha no único dia que passou por São Paulo para receber o Prêmio Brasil Olímpico, há uma semana, como a melhor atleta de esportes no gelo do país. Foi a segunda visita dela à capital paulista, depois da passagem para abrir conta na Caixa Econômica Federal, banco no qual recebe o Bolsa Atleta.

Ela também conhece o Rio de Janeiro –onde um dia planeja morar–, Fortaleza –onde foi para um evento do único patrocinador (a empresa de tecnologia de informação CPQI)–, além de Belo Horizonte e região metropolitana, onde vivem tios e primos.

"Eu pratico muito português quando visito a família. Eu não falava nada um ano atrás", conta, com um pouco de sotaque e pedindo ajuda à "mamãe" quando não sabia ou entendia alguma palavra.

Ela faz aulas de português uma vez por semana nos EUA.

"Sou uma mistura. Sou um pouquinho mais brasileira. Adoro a cultura daqui. A comida é muito boa. A música é vibrante. Quero morar aqui um pouquinho", diz, muitas vezes usando o diminutivo.

As músicas, em boa parte, são influência da mãe. Ela gosta de Marisa Monte, já foi a show de Jorge Ben e também descobriu recentemente o grupo Raça Negra.

Quando está no Brasil, sente falta do namorado (Chase, 17), da irmã (Sofia, 12), do pai (Charles) e do cachorro, um shitzu chamado Sachi. "É uma coincidência com Sochi. Na verdade o nome significa felicidade em japonês, e ele é muito bonitinho", explica.

Nos EUA, ela deseja cursar nutrição na universidade. Está no último ano do equivalente ao ensino médio.

Lá também quer continuar sendo orientada pelo exigente técnico russo Andrey Kryukov, que não queria deixá-la faltar aos treinos para receber o prêmio em São Paulo.

A meta de Isadora é ficar entre as 24 melhores da patinação artística na Olimpíada. Em Sochi, das 30 atletas seis são eliminadas após a primeira apresentação (mais curta).

"Desde os 12 anos eu falava com minha mãe que queria representar o Brasil em uma Olimpíada", lembra Isadora, em uma manhã quente, na beira da piscina de um hotel paulistano, sem fugir do sol, que diz gostar mais do que o frio do subúrbio de Washington, onde ainda mora.


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