Folha de S. Paulo


Brasileiros do Guangzhou sonham com um milagre no Mundial de Clubes

Três anos atrás, o Guangzhou estava na segunda divisão do futebol chinês, depois de ter sido rebaixado devido a um escândalo de manipulação de resultados.

Neste sábado ele estreou no Mundial de Clubes no Marrocos contra o Al-Ahly, do Egito, com o status de melhor time da Ásia e surpreendeu os favoritos com uma vitória por 2 a 0, o que o classificou para enfrentar o Bayern de Munique na semifinal.

O time conta com estrelas estrangeiras, como os brasileiros Muriqui e Elkeson e o argentino Conca, sob o comando do técnico Marcelo Lippi, campeão mundial pela Itália em 2006.

A ascensão meteórica do Guangzhou foi turbinada por uma alquimia vencedora, que uniu dinheiro chinês, gerência europeia e a habilidade sul-americana com a bola nos pés.

Tudo começou quando Xu Jiayin, um bilionário empresário do setor imobiliário e membro do Partido Comunista chinês comprou o time, por US$ 15 milhões.

Dinheiro não falta. O meia Conca, que no Mundial do Marrocos vestirá pela última vez a camisa vermelha do Guangzhou antes de voltar ao Fluminense, ganha quase R$ 2 milhões por mês.

Desde que passou para as mãos do novo dono, o Guangzhou coleciona títulos e torcedores.

Xinhua/Liu Dawei
Elkeson, de Guangzhou Evergrande, celebra título da Liga dos Campeões da Ásia
Elkeson, de Guangzhou Evergrande, celebra título da Liga dos Campeões da Ásia

Tricampeão nacional, o time conseguiu sua maior proeza no mês passado, ao tornar-se o primeiro time chinês a ganhar a Liga dos Campeões da Ásia. A conquista credenciou o Guangzhou a representar a Ásia no Mundial de Clubes. E transformou Lippi no primeiro técnico a vencer a Liga dos Campeões da Europa e a da Ásia.

Pouco conhecido no Brasil, onde rodou por sete clubes antes de completar 24 anos, o meia-atacante Muriqui consagrou-se no torneio. Além de terminar como o artilheiro, ainda foi escolhido o melhor jogador da competição.

O sucesso é tamanho que torcedores lançaram uma campanha para que ele se naturalize chinês e jogue na seleção do país.

A possibilidade é remota já que é quase impossível para um estrangeiro obter a nacionalidade chinesa. Mas demonstra o prestígio que o jogador tem no país.

Muriqui tem mais um ano de contrato, mas analisa propostas de outros clubes e quer usar o Mundial como vitrine. Acha que seu ciclo no futebol chinês está no fim. Ele está animado com a possibilidade de enfrentar o seu último time no Brasil, o Atlético-MG.

Para isso, porém, o Guangzhou tem que chegar à final, passando pelo Bayern de Munique.

"Acredito em milagre, mas tenho que ser realista", disse Muriqui à Folha. "Podemos até ganhar do Bayern, mas eles são 99% favoritos."

O atacante Elkeson, que chegou no início do ano vindo do Botafogo e tornou-se um dos artilheiros do time, diz que as condições que encontrou no Guanghzou são parte de seu sucesso.

"Temos um técnico campeão do mundo e a estrutura do time é muito boa, nos dá muito mais conforto para trabalhar que no Brasil", diz Elkeson.

Louafi Larbi - 12.dez.13/Reuters
Muriqui em treino do Guangzhou Evergrande no Marrocos, antes da estreia no Mundial
Muriqui em treino do Guangzhou Evergrande no Marrocos, antes da estreia no Mundial

Endereço da página: